Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Mais promessas

 Esse ano encontrei um grupo de palhaços para trabalhar em conjunto, Lia, Marcos e Genifer. Gente boa de olhar atento.
Tenho dificuldades com o jogo.
Há muito tempo trabalho sozinha e com um boneco. Tenho justificativa!!!!
Tenho dificuldade em ouvir e respirar. Simplismente parar e não propor...
Sou excessiva! Gosto do pastelão...
Tenho que me conectar com o oposto!
Lembrei dos mandamentos do palhaço do AVNER
- Todo mundo inspira mas nem todo mundo expira!

Participando do grupo de palhaços, dosCabares e ouvindo muita Adele, me dei conta que na preocupação por formatar o produto final, de estabelecer o jogo esqueci de uma das bases do tripe de ações que estabeleci para mim; O SENTIR

Esse ano quero sentir o que faço, dar o tempo para sentir intensamente cada ação!

Promessas para 2013

Ano louco esse que passou...mesmo que ainda falte um resto para passar!
Fazendo uma rápida retrospectiva:
Reformatei o espetáculo, agora tá pronto - fiz uma re-estréia em Caxias do Sul.
Fui a Manaus no festival Breves Cenas.
Fui para Campo Grande no PANTALHAÇO.
Fui para Goiânia no PALHAÇADA.

Fiz duas temporadas em Porto Alegre.
Participei de dois Cabarés em Porto Alegre.
Meus alunos do ensino médio começaram a apresentar os primeiros resultados da minha pesquisa O PALHAÇO NA ESCOLA...

To tentando fazer vingar uma Cooperativa de Palhaços em POA.

Conheci muita gente legal, vi palhaços que me tocaram o coração e fizeram repensar meu trabalho...
Mas foi também um ano duro, agora já tenho um trabalho estruturado, é o momento de qualificar!
Quero, preciso um olho de fora, mas quem eu quero para olhar não me quer (meu lado coitadinha de mim!) ou não tem tempo!
Quero que meu trabalho atravesse fronteiras, quero continuar vendo outros palhaços, quero levar meu trabalho para outros lugares... Só não sei pra onde caminhar...
Não to enchergando os próximos passos e isso me inquieta - tenho sede de caminhar... (sou muito piegas!)
Tenho urgência!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Estados

Faz tanto tempo que não posto algo aqui no blog, que tinha até esquecido a senha!!!!!
Lembrei!!! :OP

Acabo de fazer uma apresentação em Caxias, filmei!
Meu foco nessa apresentação era manter o estado do palhaço em todos os momentos do espetáculo, porque essa era a pulga que tinha ficado em relação a última apresentação no PALHAÇADA em Goiânia.

Assisti o vídeo de Goiânia e na sequencia o de Caxias -
SIM eu perco a figura do palhaço durante vários momentos do espetáculo, principalmente quando entra a fala e o contato direto com a platéia.
SIM o trabalho já evoluiu, pois na apresentação de Caxias o estado se manteve por mais tempo. Entretanto todavia e contudo, a apresentação de Goiânia foi mais "quente", com mais força de jogo.
Força de jogo e estado do palhaço - INTEIREZA!
To pensando, pensando, pensando!

NÃO TENHO CERTEZA SE O QUE NÃO CONSIGO É: MANTER O ESTADO DO PALHAÇO OU O QUE EXISTE É OUTRO MATERIAL QUE AINDA NÃO RECONHECI E DESENVOLVI!

Fico lembrando da estréia em Caxias lá em abril (ou maio) e tudo tá muito intenso, INTEIRO (para mim ainda são as melhores apresentações apesar da estrutura dramática do espetáculo ainda estar "capenga" - mas lá tinha estado e jogo!

Lembro dos experimentos lá de 2010 e 2011 (principalmente a apresentação escatológica para uma turma de EJA) em que o jogo era muito quente...

Agora só me resta um caminho - voltar para a sala de trabalho e explorar cada momento (retomar a metodologia do inicio em 2010) e apresentar muito para construir fluidez e testar o jogo diante do público.

Tenho também consciência de que quanto mais eu dominar o material de cena masi vou me libertar para o jogo...

Bom não é só um caminho...são vários!
Lá vou eu!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu tenho culhão!

Mais um pouco da minha experiência no PALHAÇADA!
Tive muitos retornos realmente significativos, mas tem algo que me conforta e me dá segurança - foi reconhecido que o trabalho tem qualidade, é de alguma forma ousado e o que necessita é de maturidade, ou seja que requer viver para adquirir calma,  tranquilidade e segurança.
Ainda sou muito ansiosa e isso reverbera na cena - óbvio!
Agora vou dar um jeito de encarar cada vez mais a cena!

Porque o título?
"Parabéns pelo trabalho, obrigada! Para primeiro festival tá muito bom! Tu tem culhão!"
Marco Coelho Bortoleto

Acho que foi um elogio!
Espero que sim!

Agora eu conto ou obrigada Rodrigo Robleño

Agora eu conto o que ouvi dos meus colegas palhaços!
Primeiramente MUITO obrigada RODRIGO ROBLENO por todas as generosas observações!
Nossa! Serão todas observadas e trabalhadas.
O Rodrigo deu um olhar principalmente ao que se refere a estrutura do espetáculo e ao desencadeamento das ações. Ele retomada uma questão que é muito cara para mim e que também foi apontada pelo Ricardo Puccetti no último curso que fiz. Os apontamentos do Ricardo eram na direção da lógica do palhaço, o que gera determinada reação, qual a lógica que desencadeia determinadas ações e reações? O que o rodrigo fez foi questionar algumas ações que aparecem no espetáculo e dão a cara de algo montado e não de algo que surge pela ação anterior, ou por algum desencadeador. To conseguindo ser clara? O Rodrigo observou momentos do espetáculo em que as ações estão gratuitas, que aparecem simplesmente porque fazem parte da estrutura montada. Mas além de questionar e apontar ele fez sugestões de como compor essa lógica da CAUSALIDADE a partir das próprias ações que estão no trabalho mas que eu não tinha percebido. Óbvio isso é olho de direção, que eu não tenho...tssssssssss Mais uma vez obrigada Rodrigo Robleno
Me lembrei agora quando Pepe diz que devemos agir como se ações estivessem sendo criadas naquele momento, mesmo que não sejam! Tudo se interliga
Talvez a palavra seja REAÇÃO, mesmo quando é apenas estrutura deve parecer reação a algo, uma "idéia da hora".
Outra coisa comentada é sobre o estado do palhaço. Para mim é importante pensar sobre isso, porque de alguma forma pode estar conectado com o sentimento de liga e desliga que tive durante o espetáculo e é algo recorrente em outras postangens, acho que tem um elo com o estado de INTEIREZA também. Tenho consciência que em muitas apresentações o estado do palhaço vai e vem, assim como em muitas ela teve presente quase todo o tempo. Também tenho consciência de que é algo que requer tempo e trabalho junto ao público. Mas nas conversas fiquei bisbilhotando em que momentos parece que esse estado se perde. O que foi levantado é que parece se perder quando entra a fala e a interação mais direta com o público. Sim, acho que concordo, porque o ainda explorei pouco o elemento da fala e porque como me disse o o Rodrigo eu posso ter usado de maneira distorcida, no sentido de usar para preparar algo e não como consequência do momento! Mais uma vez obrigada Rodrigo Robleno porque apontar o problema é uma coisa, buscar soluções é um mundo!
Acho que essa postagem deveria ter como título OBRIGADA RODRIGO ROBLENO! Vou mudar!
Lembrando do espetáculo e das minhas sensações em relação a ele eu percebo claramente os momentos em que a atriz foi maior que a palhaça, agora é momento de reorganizar e dilatar o estado da palhaça para esse momentos de escorregão!






Eu tenho tanto pra te falar...

Na verdade eu tanto para ouvir e como é bom ouvir!
Principalmente quando se trata de coisas que vão contribuir cada vez mais com o nosso trabalho, quando se trata de palavras curiosas, cuidadosas e carinhosas!
Participei do meu primeiro festival com o espetáculo na íntegra - PALHAÇADA em Goiânia.
Lá conheci algumas pessoas que me deram retornos muito significativos a respeito do espetáculo, tanto do que se trata da dramaturgia quanto da construção da minha palhaça.
Antes de relatar as dicas desses novos amigos (porque para mi agora são de fato AMIGOS) vou relatar da minha sensação:
1. Lembro claramente quando eu levantei de trás da poltrona na primeira cena - que distância, quanta luz na platéia... Tsss - o que isso significa? Parte de mim estava em cena, em estado de jogo e outra parte de mim conseguiu perceber a luz, a distância da plateia. Talvez isso não seja ruim, nem bom. Mas esse pequeno pensamento fez um pequeno desligue em mim. Sabe ligar e desligar a luz? Senti assim.
2. O público estava bem receptivo, e ao fundo estavam alguns palhaços e outros profissionais da área. Óbvio que muitas vezes meu foco foi para lá, e na real em nenhum momento eu consegui decifrar o que se "passava naquelas cabeças"! Era um misto de ansiedade e curiosidade!!!!
3. Em muitos momentos pensei porque: a luz não tá mais fechada? Senti a necessidade de algo mais intimista.
4. Senti falta em mim daquela sensação de INTEIREZA que eu falo seguida nas postagens do blog. Essa sensação oscilava no decorrer do espetáculo, a sensação do fruir, de sentir, compartilhar e jogar intensamente. inteira sim eu estava, mas talvez não INTENSA! Ahhh é isso! Senti falta dessa sensação que me toma e me deixa plugada!
5. Reconheço que estava inteira e que o trabalho fluiu, mas não fruiu totalmente -  eu quero mais que fazer certo! Eu quero a sensação do momento do encontro espetacular. Eu quero aquele sábado de Porto Alegre em que nadei no champagne...
6. Em determinada parte do espetáculo tive uma sensação de distanciamento, não sei bem se é essa a palavra... a imagem é clara na minha mente! Eu tava no meio da plateia e algo me disse - não é isso...
e não foi culpa do champagne (que eu bebi bastante!). Essa sensação era recorrente todas as vezes que eu saia do palco e voltava pra plateia. Saia do porto seguro das ações pré-estabelecidas da cena para o mundo do risco do jogo da improvisação, do inesperado.
Enfim, essa é a percepção do que incomoda, daquilo que me desacomoda e me faz pensar - MAIS, daquilo que me desacomoda e me faz buscar caminhos para qualificar meu trabalho.
Mas isso foram as questões que se tornam pulgas, motores, alavancas de transformação. Tem as questões de pura inclusão - como o chiclé que pela primeira vez eu peguei no ar e comi! Pode funcionar em outras vezes! Aliás o chiclé rendeu, porque nasceu a ponte com a camisinha. Uma ponte que já existia, mas de maneira pequena e frágil e que ficou muito clara a partir do jogo estabelecido nesta apresentação. A coleção de camisinha virou uma coleção de chiclés - de vários sabores!
Tá, não tem muita inclusão direta!!! Mas as questões pulgas quando encontrarem caminhos com certeza serão elementos de inclusão!!!
Acabo de me dar conta de que a postagem era para contar o que ouvi e acabei fazendo uma enchurrada, um momento terapia total.... :OP
Entretanto, todavia, contudo o título já é um prenúncio de que eu iria mais falar do que ouvir!!!!!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Diferentes percepções

O desencadeador de tudo era: uma palhaça solitária em busca do amor - só!

Interpretações que já foram feitas quando eram somente os 15 minutos: "Felliniana, parece a Giulietta Mazzina", "Eu fico triste por ela, mesmo sabendo que é um boneco e uma cena!", "e tem a cena da viúva desesperada", "gosto muito do funk final, dessa inclusão da cultura de massa".
Interpretações feitas a respeito do espetáculo na íntegra (45 minutos): "ela é um lixo humano", "trabalho mostrando o palhaço erotizado".

Ao ler parece se tratar de dois trabalhos totalmente diferentes, de certa forma - SIM.
Minha busca é conjugar essas características.
Quando li sobre o palhaço erotizado tive um misto de graça e preocupação.
É isso que passa o espetáculo? Não foi isso que pensei num primeiro momento...num primeiro momento!
Reconheço todas essas características e sei como essas interpretações vão dando outro caráter ao trabalho. Na medida em reconheço e aceito essas interpretações, elas interferem na composição da cena, pois começo a me apropriar desses conceitos que, embora presentes no trabalho, não estavam no plano da consciência, do desejo gerador. Quando essas ações cênicas, que num primeiro momento compuseram a construção dramática (solidão e as possibilidades românticas com um companheiro imaginário), são interpretadas de outras formas, incluem na minha rede de significações outras possibilidades de abordagem e aproveitamento do material existente.
Agora são questões de escolha, a partir desses caminhos apontados. O que fazer com tudo isso?
Por enquanto brincar, me entregar para os acontecimentos e para o jogo e aceitar o que vem se desenvolvendo e se aprofundando - indo em direção cada vez mais da identidade da minha palhaça.

é tudo PALHAÇADA


É amanhã!
Meu primeiro festival de palhaços com o espetáculo na íntegra!
Sinto o peso da responsabilidade...
Sinto o prazer da responsabilidade...
Vou com um frio na barriga, um certo medo, mas vou confiante pelo carinho, cuidado e comprometimento que tenho pelo trabalho!
Mala quase pronta, só falta pintar o cabelo!

domingo, 5 de agosto de 2012

Equalizando

Fim dessa pequena temporada em Porto Alegre - saldo positivo!
No sentido das aprendizagens que fiz e de público.
O primeiro dia na sexta, foi daqueles de "chorar no cantinho", insegurança, nervosismo, estrutura capenga, jogo contido e para arrematar pouco público e ainda tímido (pelo menos a maioria era amigo querido)
Segundo dia sábado, BOMBÁSTICO, eu estava muito aberta para o jogo e para aproveitar de fato as situações inusitadas que aconteciam, assumi e acolhi o lado bufa. Público muuuito participativo e casa lotada! Espetáculo redondinho! Saí cheia de energia.
Terceiro dia, jogo mais formalizado, no sentido de utilizar recursos e estratégias conhecidas minhas para as respostas junto ao público, não entrei na zona de risco e do novo.Cartas na manga. A relação entre a palhaça e a bufona não foi fluente como na noite anterior. O espetáculo aconteceu bem, o público tava participativo e quente e a casa cheia. Espetáculo padrão, bem feito, mas podia ter ido mais!
Acho que estou num momento de equalização - alguns números funcionam muito em um dia e em outro não, descubro pequenas intenções que movem cada momento e ação, perco alguns detalhes queridos e aos poucos vou me apropriando de cada parte.
Quero o sentimento de BOMBÁSTICO sempre, tem haver com a INTEIREZA!
Retomei o prazer de me expor!
Mantenho algumas dúvidas antigas e outras novas!
Sigo caminhando!

PALHUFA

Um dia, logo na primeira estréia em 2010, meus amigos palhaços Ondina e Tufoni me chamaram de PALHUFA - palhaça + bufa!
E isso se confirma cada vez mais! Sou exagerada, sem filtro, sem noção de dimensão, escatológica, sem freio!
Me lembrei de uma apresentação para o EJA do CAp (que descrevo aqui no blog) em que o jogo se encaminhava para algo muito escrachado.
Ontem meu amigo Márcio comentou - "Ela é um lixo humano!"
Bom... Rumo a identidade!
Agora as fronteiras a serem pensadas se ampliam - Eu, a palhaça e a bufa!
Isso tudo ajuda no reconhecimento, ao mesmo tempo que amplia as dúvidas - pode essa mistura toda?
Apesar da dúvida que gera, há também um certo conforto (na alma) - é isso que tenho!

Caminhos para serem pensados:
A escatologia e o escracho X delicadeza e a meiguice
O tempo, o passo-a-passo até chegar no absurdo e na explosão da ação

Os dois últimos dias de espetáculo me permitem reconhecer que eu consigo estabelecer o jogo com a platéia, ver o que acontece, aproveitar o imprevisto... Que há liberdade dentro da estrutura.
Outra frase do Márcio - "é legal ver quando tu te coloca em risco, a gente fica esperando, atento para ver como vai ser a solução".
Mas isso também me leva a outra dúvida - o excesso de improvisação não dá uma cara de amadorismo ao espetáculo?


Enfim, dúvidas, descobertas... caminhada!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Novos parâmetros

Ontem eu e Pablito arrumamos o espaço e fiz dois ensaios...
Para mim começa a ficar cada vez mais claro que a dinâmica que adotei até aqui, de buscar pequenos espaços no cotidiano para o trabalho, está ficando insuficiente para minhas atuais necessidades e desejos.
Na retomada ontem era visível o que falta de ensaio sistemático faz - além do jogo estar morto, sem vida, a estrutura não tinha rítmo e estava engessada.
A primeira passada foi traumática - só pensava - meus Deus como vou apresentar amanhã?
Na real também tô insegura.
Talvez só uma crise de reestréia!
A segunda passada foi melhor, com mais rítmo e intensidade, agora é ver hoje com o público!

Mas uma coisa é certa: preciso rever meu parâmetros de trabalho. Hora de dar uma virada e estruturar uma rotina de ensaio e trabalho para que eu construa a qualidade que pretendo ter.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mini temporada

Bom, fui selecionada para o Festival Palhaçada em Goiânia.
Meu primeiro Festival de palhaço com o espetáculo completo.
Que frio na barriga!
Que responsabilidade!
Para aquecer o jogo preparei uma mini temporada!
Está tudo pronto para este final de semana!
Obrigada ao Depósito de Teatro pelo espaço!
OBRIGADA ao PABLO DAMIAN por mais uma vez apostar no meu trabalho e me ajudar em todos os momentos, principalmente os menos glamurosos (limpar e arrumar espaço, ensaiar, divulgar, etc)


Mandar a dignidade a merda

Conversa (de facebook) com meu amigo palhaço Rafael Barros.
Chorei minhas pitangas, falei da minha crise, ele indicou o mesmo que tantos outros palhaços me indicaram - tem que ir para a rua.
"MANDA A DIGNIDADE A MERDA"
Tem que fazer  muito, só assim se encontra os caminhos.
O Tomate tinha me falado a mesma coisa... "comecei indo pra rua"...
Pepe - "tem que fazer muitas vezes e com o público para o trabalho crescer"

Bom, lá vou eu começar minha saga DANDO A CARA A TAPA OU MANDANDO A DIGNIDADE A MERDA!

Retomando aquilo que me moveu lá no início, a busca pelo prazer de estar em cena compartilhando!

Pepe Nunes - coisas para não esquecer

Tenho que registrar isso:

1. O público deve ter a sensação de fazer parte do ato criativo, de que o que está vendo foi criando naquele momento e é único. A criação deve partir desse encontro.

2. Com isso minha sequencia de jogar, compartilhar e sentir, que sempre era aleatória, começa e ter direção: SENTIR, COMPARTILHAR, JOGAR


PANTALHAÇOS - Campo Grande




IDENTIDADE
Essa é a palavra que resume minha experiência no Pantalhaço em Campo Grande!
Vi e convivi com grandes palhaços: Pepe Nunes, Lilli (nossa que loucura!), Tomate, Ale Cassali e tantos outros.
Vi e convivi com pessoas que pesquisaram a história do circo e do palhaço: Verônica Tamaoki (incrível pesquisa sobre o circo Nerino) e Mário Bolognese (com muitos livros sobre o palhaço)
E entre tudo que vi me perguntei - como eu sou? Como é minha palhaça?
Tem muitas coisas que reconheço, como a mistura de meiguice com escatologia, algo meio bufão... uma pessoa do público me chamou de moleca...
Não consigo ter a imagem total da minha figura.
Então nesse festival me vi novamente na longa estrada, não lá no início, mas também longe da metade! To nos passos iniciais de uma loga jornada (noite a dentro).
É como se eu estivesse na infância, descobrindo meu "eu palhaça".
Ui quanta metáfora piegas...
Enfim, crise de identidade total!

No Cabaré além de fazer minha cena pude experimentar outra - o strip-tease...que por uma teta não foi um fiascão total! Mas foi bom por colocar o jogo a prova. Saldo mais que positivo no festival.
No jornal saiu que "a palhaça Ana Fuchs "chocooou" a plateia espalhando pasta de dente no chão, no apresentador e no público".
Não sei se isso é bom - ora parece que sim, ora parece que não!!!!!
Mas fui eu! Num estado de loucura total ou de jogo? Não tenho certeza!
Meu "eu" segue confuso!
Preciso colocar mais a cara a tapa e sair um pouco da segurança das salas de trabalho!

Pepe Nunes e o tempo

Tenho muitas coisas para contar...
Vou começar do começo!
Pepe Nunes e a tirada do tapete!
Fui fazer o curso com o Pepe o intuito era aquecer antes de Campo Grande e Goiânia, mas ele pegou num detalhe - O TEMPO!
Não o tempo como eu vinha percebendo e trabalhando, no sentido de fazer as coisas com calma (isso também), mas o tempo no sentido de CRESCIMENTO.
De deixar as gags evoluirem sem precipitação, sem "entregar todas as cartas" de uma vez, de experimentar o passo-a-passo...sem explodir logo de início.
Me dei conta que tenho muitos recursos e que uso de maneira inadequada, preciso parar e ver, sentir...e reagir de maneira lógica com a situação.
No primeiro dia de curso saí arrasada, pensei - meu deus eu não sou aquilo que pensava que sou - tá uma boa palhaça! Estou longe de ser uma boa palhaça! É uma questão tão óbvia e não consigo desenvolver... é o tempo das coisas Ana...
Tá tudo muito cristalizado, para não errar, para criar o riso sempre, mesmo que fácil ou apelativo.
Me destruiu, mas me colocou num outro estado de aprendizado, que preciso correr atrás!
E vou correr, porque me propus a ser uma boa palhaça, mesmo que isso leve uma vida inteira!

Fiquei agora pensando - porque uma boa palhaça, no começo de tudo só queria ser feliz (a coisa da necessidade) sendo palhaça...onde isso se perdeu?

Isso pode fazer toda a diferença porque sempre tive muito prazer de estar em cena e depois do curso comecei a me preocupar muito com os resultados. Não só depois do curso mas com os caminhos que meu trabalho tá tomando e me levando ao encontro de outros palhaços, então parece que tem uma carga de responsabilidade maior porque vou estar junto aos meus pares (ou que pretendo que sejam meus pares!), àqueles que admiro e óbvio quero ter aceitação...
Eta cobrança...imbecil!
preciso retomar urgentemente o prazer!
mas ligada no tempo!!!!!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

FESTIVAL PALHAÇADA

Este é o ano "da primeira vez" !!!!!
Primeira vez da cena curta participar de um festival de palhaços - O PANTALHAÇO
Primeira vez do espetáculo completo AMOSTRA GRÁTIS participar de um festival de palhaços - FESTIVAL PALHAÇADA em Goiânia!
Honrada, feliz e sentindo o peso da responsabilidade!

A apresentação tá marcada para 18 de agosto, até lá vou ter dois cursos de palhaço, que vão me ajudar a aquecer o jogo de cena, dois cabarés e se possível uma mini-temporada para aprimorar as gags e tudo mais!
Vamos nessa!

http://www.festivalpalhacada.blogspot.com.br/

Espia ao lado de quem eu vou estar!!! ahhhhhhhhhhhhhhh

Muitas coisas acontecendo...

To como um cusco em meio a procissão!
Muitas coisas aconteceram e eu preciso me organizar:
1º  Curso do Pepe Nunes em Caxias no final de semana -14 a 17 de julho (meu final de semana é estendido!) O que vai me dar um bom gáz para a participação no PANTALHAÇO!
2º Apresentação no Cabaré da Mel na Casa de Teatro de Porto Alegre no sábado dia 14 - sim eu sei que estarei em Caxias - vou brincar de bate e volta todos os dias (é bom também dar atenção à família)
3ª PANTALHAÇO - vou participar do Cabaré no Pantalhaço em Campo Grande - to big feliz! Viajo dia 19 e retorno só dia 23 de julho!
Muitas emoções total!!!!
Ahhhhhhhhhhhhhh

Obs.: a atucanação é tanta que saí de camiseta virada ontem pela manhã...e a noite descobri que a calcinha também tava do avesso!

PANTALHAÇOS

Primeira participação da cena curta em um festival de palhaços.
Ao lado de muita gente boa! Que honra e que felicidade!
Vou poder acompanhar diversos espetáculos e discussões e compartilhar um pouco do meu trabalho!
Maravilha!
To eu aí trilhando minha aventura de ser palhaça!

domingo, 24 de junho de 2012

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Cada dia uma surpresa



To adorando redescobrir o jogo!
A impressão que tenho é que o espetáculo que montei e, descaradamente, apresentei é ainda um vestido sem acabamento: tá cortado, costurado e tem até alguns bordados, mas falta o acabamento!
É disso que sinto falta e que agora, retomando cada momento, posso cuidar!
Cuidar do detalhe real, não aquele que se fixa como uma ordem intacta mas aquele que, de tão rico permite mais jogo ainda!
Enfim, estou feliz!
Super obrigada ao Taylor (bonitor) que hoje sorriu enquanto eu me divertia!
Quem quiser ver a cena no espetáculo e como ela vem se transformando ao longo dos ensaios é só espiar na postagem anterior!


segunda-feira, 11 de junho de 2012

As coisas se esboçam, mas não explodem...
Eu quero explosão!

RE-começar



Re-aprendendo a brincar sozinha!
Hoje retomei o processo, o foco era explorar o ACORDAR - cena inicial!
Comecei com uma ideia na cabeça, que é obvio, empacou quando não respeitei a resistência que o objeto oferecia!
Hello Ana!
Retomei o brinquedo sem a perspectiva do fim, mas de ir vendo as possibilidades. Toda vez que algo legal ocorria eu retomava do início e repetia! Repetição transformadora! Viva Piaget!
Gravei tudo! Olhei... Gostei do que vi!
Dá uma nova perspectiva para o início do espetáculo!

Seguem dois vídeos  -  a cena como estava no espetáculo e o ensaio com novas possibilidades!


Seguem 5 minutos finais do trabalho de hoje! Por favor ignorem o momento incial em que estou ajeitando a cena!!!



Cena do espetáculo apresentado em Caxias do sul - maio 2012

Acho que to no caminho!!!!

Coisas de palhaço II

Olho, re-olho e vou tentando identificar o que falta de fato no trabalho!
Coisas de palhaço!
Existe, no espetáculo uma evidente diferença entre o início e o meio, o primeiro mais ingênuo o segundo mais escrachado, o primeiro mais apoiado na confusão, na dificuldade e descoberta dos objetos. O segundo mais apoiado no ridículo das situações.
Pois bem, acredito que seja necessário incluir da metade em diante do trabalho a lógica da primeira parte, ou seja inserir nas situações ridículas a confusão, a atrapalhação com os objetos e ações.
Vamos ver no que vai dar.
Volto hoje a metodologia Jack Estripador - por partes!
Vou explorar cada um dos momentos novamente!
Segue o baile!
To com a sensação de descobrimento da América!
Entre a lógica do ator e do palhaço - estreitas ligações que podem bloquear ou qualificar o processo!

domingo, 10 de junho de 2012

Menos, bem menos Ana!

Hoje revi o vídeo!
O impacto de ontem foi forte, mas no segundo olhar percebo que não tá tão ruim quanto eu imaginei...
Sempre comparo o espetáculo longo com a cena curta.
A cena curta é preciosa para mim!
Já entendi que são coisas diferentes mas precisava identificar o que a cena curta tem e que quero que o espetáculo maior também possua (e que ainda não tem).
Olhei e re-olhei as imagens que tenho dos dois trabalhos e acho que encontrei um caminho para a resposta:
SENTIR
Uma das bases principais do meu trabalho, como pude deixar passar?
Descobri isso lá no início e negligenciei nesse momento.
Ok, tava big preocupada com o tempo e estrutura...
Mas o tempo está intimamente ligado ao sentir!
Vendo as cenas do espetáculo me perguntava - onde está o brilho, a alma daquela cena, e desta outra? (principalmente daquelas cenas que fazem parte da cena curta como por exemplo quando viro o boneco lentamente com o ombro e me surpreendo com ele me olhando, ou quando ele morre e eu fico ali parada atônita com o que aconteceu).
Faltou o sentir, faltou a inteireza!
Eu tava aberta para o jogo, para o compartilhar mas estava tão preocupada que o tudo acontecesse certo que não me abri para o prazer da cena.
Estou tentando remarcar outra apresentação...
Quero um registro melhor para mandar para o edital do festival de Goiânia.
Quero um registro melhor para mandar para o Ricardo - quero que ele possa me ajudar mas também quero que ele não desista de ver o vídeo nos primeiros 15 minutos!!!!!

Então vamos ao trabalho!


sábado, 9 de junho de 2012

pérolas no meio da m...


Acabo de ver com cuidado o vídeo do espetáculo inteiro...
Ai, ai, ai...
Tem coisas muito bacanas mas rodeadas de muita sujeira, muito caco, muita ação desnecessária, muita caminhada, muito tudo!
As coisas acorrem mas não acontecem. exceto algumas partes...
Preciso retomar urgente TUDO!
Fiquei de mandar esse material para o Ricardo Puccetti ver... To com vergonha...
Mas sou mais sem-vergonha ainda!
Preciso urgente do olhar de fora!

Segue aí o registro espiem...


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Coisas de palhaço

Ainda no item "conversa vai, conversa vem" ouvi o seguinte comentário de uma colega palhaça:
- Aquilo do chiclé é ótimo, como eu não pensei nisso antes! É bem coisa de palhaço!
(Só para contextualizar, criei uma cena nova em que encontro uma cartela de chile e tento tirar cada uma das pastilhas. Toda vez que tiro uma ela cai no chaõ

Bem coisa de palhaço...
Porque me chamou a atenção?
Por que me remeteu a outra situação, quando logo depois da primeiríssima estréia em 2010 outro amigo palhaço manifestou a surpresa e agrado em relação a cena em que cuspo dentro da meia.
Faço milhares de coisas apoteóticas no espetáculo, como dançar com o boneco, fazer strip tease, chutar a cabeça do boneco, mas para alguns olhares essas pequenas cenas são tão fortes quanto...
Porque?
E porque remetem a ideia de "bem coisa de palhaço"?
Chutando respostas:
a) Porque é simples
b) Porque é a base da lógica do palhaço - ideias absurdas, equivocadas, fora de uma lógica cotidiana
c) Porque é surpreendente
d) Nenhuma das respostas acima
e) Todas as respostas acima



Daí outras perguntas que não querem calar: as outras ações que tenho são de palhaço ou seriam de uma cena cômica qualquer?


Ai meu Deus - pressinto uma crise existencial grave!


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Metodologia

Numa dessa conversas:
- Tá, mas tu usa vídeo para analisar teu material?
- Não!
Fiquei pensando...
- Sim! Mas isso só entrou mais tarde no processo!
A discussão passou a ser sobre metodologia.
Qual a metodologia que eu usei para a construção do meu espetáculo?
Bom, vamos lá...
Primeiro momento: explorar
No início de tudo, eu não tinha a ideia de montar algo. Meu objetivo naquele momento, era explorar o jogo do palhaço e manter algumas coisas desenvolvidas na primeira oficina do Ricardo Puccetti. O que eu fazia era entrar em sala com um foco (como o Ricardo tinha explicado que fazia no seu processo de trabalho). Neste início, basicamente o foco era: trabalho com o boneco, possibilidades de jogo com aquele objeto.
Segundo momento: explorar, perceber, codificar
Quando surgiu a ideia para um espetáculo, elaborei um roteiro base e passei a trabalhar com cada parte. Cada "encontro comigo mesma" tinha um foco, por exemplo "acordar". Experimentava diferentes possibilidades para cada ação (ou para determinada parte do roteiro) e depois repetia as coisas que eu mais gostava. Assim construí uma sequencia de ações e acontecimentos e uma estrutura básica para o espetáculo.

Terceiro momento: ver (além de sentir) e limpar
Os registros em vídeo só aconteceram muito mais tarde quando já havia um esboço de espetáculo. Quando apresentei o trabalho no TIPIE fiz meu primeiro vídeo. Olhar e re-olhar o trabalho me possibilitou reconhecer muitas coisas - aquelas que eu manteria no decorrer dos tempos e aquelas que eu eliminaria do trabalho (e se possível da memória). Mas de alguma forma até o material eliminado ficou como uma reserva de jogo para algumas situações. Virou repertório.
Neste momento eu tinha quase 50 minutos de jogo, um jogo que eu defino como CAÓTICO. O trabalho necessitava de um olho externo para "limpar as ações", para evidenciar o que precisava de um foco maior e mais detalhamento. Mesmo depois de ver algumas vezes o registro em vídeo, as intervenções eram "sujas" cheias de pequenas ações e gestos que não contribuíam para a fluência e valorização do jogo.
Mas de algum modo as apresentações do espetáculo, mesmo em estado caótico permitiram em experimentar muitas nuances do trabalho, desde o deboche, o jogo mais escatológico, até os detalhes mais sutis do trabalho.
A partir destas três etapas do trabalho construí os pilares da minha busca: sentir, compartilhar, jogar.
Quarto momento: fazer escolhas 
Nessa caminhada um momento importante que ocorreu foi a seleção para o Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine-Horto. Precisei reconstruir uma dramaturgia de 15 minutos, elencando principais momentos - minha ênfase era a estrutura dramática e as gags de riso. O material de 15 minutos ficou estruturado desta forma: a chegada do boneco, a dança, a morte e o trabalho com o público. Fiz uma pequena apresentação para um grupo de colegas - desastrosa! No máximo consegui alguns sorrisos.
Nesse momento percebi que, para que a entrada do boneco tivesse potência eu precisa antes estabelecer uma conexão com o público. Inseri a cena da escova de dentes. Bingo!
Quinto momento: reestruturar o material. Novas escolhas!
Passei quase um ano inteiro investindo nesta pequena cena curta, indo à festivais, apresentando em eventos, etc. Chegou o momento de retomar o espetáculo como um todo.
O que fazer?
A cena curta se tornou forte e com uma dramaturgia fluente. Como levar isso para o espetáculo de 45 minutos, tendo em vista que neste trabalho maior as partes da cenas curta estão fragmentadas em diferentes momentos?
O que eliminar daquele material inicial caótico? O que precisa ser recriado? Quais minhas novas escolhas?
Qual a estrutura dramática? Reelaborei o roteiro. Passei a retrabalhar cada parte. Fiz duas apresentações do espetáculo em Caxias do Sul. Duas apresentações bem distintas. A dramaturgia funciona, mas ainda não tem a fluência e potência que desejo. É preciso agora investir no DETALHE e nas TRANSIÇõES!
É neste momento em que me encontro ou desencontro!


"O mundo pode caber em um detalhe"
Frase do grupo Enganadores da Morte

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Revoluções por minuto

Neste final de semana (21 e 22 de abril) apresentei o AMOSTRA GRÁTIS em Caxias do Sul.
Na verdade foi uma reestreia do material na sua totalidade.
Só para recapitular: em 2010 nasce o trabalho com quase 50 minutos de material (as vezes bem caótico), em 2011 configuro 15 minutos de cena para participar em festivais e outros eventos e agora em 2012 começo a retomar a estrutura maior.
Retomei o roteiro, revi os vídeos, reorganizei a dramaturgia, tentei eliminar todo o excesso, ou aquilo que não permitia a fluência dos acontecimentos. Muita coisa reorganizei a partir da cena de 15 minutos que me permitiu reolhar o material. Criei novas cenas. Entretanto, todavia e contudo restaram somente 35 minutos!!!!
E agora José?
As apresentações estavam marcadas, eu passei e repassei o material e o tempo me sufocava.
No dia da estreia ensaiei 4 vezes...tic-tac...nada se alterava. Fechei os olhos e me atirei no abismo - queda livre total em direção ao chão!
Era o que eu tinha e fui para a cena.

Primeira revolução: TEMPO. Eu de fato tenho material para mais de 35 minutos, o que precisa é ser explorado nas suas nuances e possibilidades. O material precisa do jogo.

Segunda revolução: O DETALHE. Não basta ter uma estrutura de acontecimentos e estabelecer o jogo é preciso investir em alguns detalhes - uma coçada de perna, um olhar, o tempo de parar - o mundo pode caber num detalhe e isso pode fazer a diferença para o interprete, o público e a configuração da cena.
A primeira apresentação foi bem, consegui superar o tempo previsto, joguei, atingi estados de energia bem fortes, vi que é possível.

Terceira revolução: CONFIGURAÇÃO DO ROTEIRO. A dramaturgia agora parece redonda, fluente, com sentido. Cada ação é desencadeada por algo e possibilita o desenrolar de outras ações. Foi possível reconhecer a curva dramática - que não há! por enquanto o espetáculo é um crescente de explosões. Enfim é o caminho para se retomar o detalhe.

Mas talvez a grande construção (para mim) é reconhecer que a cena curta e o espetáculo longo são coisas totalmente diferentes apesar da sua gênese e similaridade. Um contêm o outro ou está contido nele.
Enquanto o trabalho mais curto tende a ser mais intenso, detalhado e limpo, o mais longo corre mais risco de ficar "sujo" e com excessos. Entretanto o mais longo possibilita uma interação maior com a plateia. Eles são diferentes na energia que eu sinto em cena e nas sensações que provocam na plateia. O primeiro mais delicado, sutil e denso o segundo mais escatológico e histérico.
Entender isso foi fundamental para eu aceitar esse novo estado de construção, porque estou completamente amarrada aos sentimentos e imagens da cena curta. E o novo trabalho só pode ser acolhido quando permiti me reinventar!
Beijos


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Matutando



A experiência em Manaus me fez ficar pensando em muitas coisas;
1. Minha função de palhaça;
2. Como se percebe o papel social do palhaço;
3. O que o meu trabalho propõe.

Não sei muito bem como tentar escrever, mas vou articulando algumas ideias!
Minha função como palhaça é (eu acho)abrir espaços de trasmutação, de transformação de estados a partir do encontro. Possibilitar o sentir, o criticar, o emocionar, mas principalmente o envolver-se com as situações propostas pelo palhaço.
Ainda percebo que muitas vezes o papel do palhaço é reduzido a recreação, a festa, ao momento divertido. E cabe a nós transformar essa visão. Essa pulga ficou na minha orelha, porque sempre nos festivais sou a última a me apresentar e geralmente é com a justificativa de "deixar o público para cima"! Se por um lado acho ótimo ser a figura que modifica os ânimos, que traz a alegria, por outro lado não quero que se reduza somente a isso. Quero ir além do riso fácil, ou melhor, quero o riso pleno, carregado de todos os sentimentos possíveis, até mesmo daquelas sensações que não estão diretamente ligadas a alegria. Não ao riso frugal que cai no esquecimento. Quero o riso quente, que fica na lembrança!
O que meu trabalho propõe? Busco ir além do riso fácil (que gags simples podem produzir) quero tocar o espectador, quero que ele se identifique, que ele se emocione, que tenha um momento de suspensão...em que eu possa ouvir os suspiros da platéia. Se eu alcanço isso?
Talvez, acho que as vezes sim, mas nem sempre - é minha eterna busca.
Que elementos me ajudam a estruturar isso?
Acredito que seja um conjunto:
1. dramaturgia;
2. gags simples inseridas num contexto e não simplesmente usadas sem justificativa  - aqui cabe uma reflexão maior sobre as gags e vou arriscar um esboço de pensamento - é preciso poder pensar mais sobre o significado de pequenas ações que provocam o riso e que, por vezes, são simples ou até mesmo apelativas (tirar uma garrafa da calcinha, chutar a cabeça do boneco morto, dançar com a cabeça do boneco no meio das pernas - ações do meu espetáculo), mas que num contexto específico ultrapassam a própria ação, pois contribuem para dar significado ao acontecimento e até mesmo para definir os contornos da lógica de pensamento e ação do palhaço;
3. o estado de jogo, a plenitude, o envolvimento total na cena e em tudo o que ela provoca. Estar aberto para transformar e ao mesmo tempo manter a essência;
4. o encontro- o que torna mágico o encontro? Aí entra algo que ainda não consigo explicar, porque por vezes não "dá a liga"... É o conjunto que falhou (dramaturgia, gags, estado de jogo), é o palhaço que não está presente?

Aqui vou me permitir outro esboço de pensamento!
Durante os debates em Manaus um dos jurados me disse que "me conhecendo pessoalmente se vê muito da minha palhaça", outra jurada disse, que "é isso mesmo,  não se trata de um personagem, é uma entidade!".
Bom, uma família de pulgas volta a povoar minha orelha.
Eu compreendo e aceito que a Dona Generosa (minha palhaça), sou eu, em estados completamente dilatados, que vão além do meu cotidiano, mas que são construídos a partir dele, da quebra e da revelação de máscaras - e por isso muitos aspectos da minha palhaça também são visíveis nas minhas ações cotidianas.
Daí volta a pergunta de algumas postagens atrás - qual o limite entre o eu e a palhaça?
E volta uma busca por resposta (que está num auto-comentário) - talvez não se deva pensar no limite entre um e outro, nas fronteiras, mas nos estados de cada um.
Bom, agora o pensamento se esvai...ainda não posso escrever sobre as diferenças entre esses estados, mas lendo "Para um teatro pobre", do tio Grotowski, encontro uma luz um caminho para orientar futuros pensamentos - ele fala sobre a entrega, o ator doar-se, colocar-se por inteiro diante do outro e permitir esse espaço de encontro, em que o outro (o público) através dessa doação do ator consegue também se ver.
Acho que a chave está na capacidade de entrega que o jogo do palhaço exige...
Espero estar no caminho...
Preciso ler mais, pensar mais para articular melhor essas ideias!
 São apenas registros do meu pensar e sentir em relação aos estados e situações que minha palhaça me coloca, ou que eu me coloco!!!!!!


quinta-feira, 29 de março de 2012

Tentando descrever...

Não sei se será possível descrever a experiência de MANAUS do 12º Festival Braves Cenas de Teatro.
Meu material cênico chegou quebrado e parte foi perdido, o pedestal que apoia o boneco em pé foi quebrado na altura da base e esta se perdeu por aí! Uma base de 40x40 de aproximadamente 10kg foi perdida!!!!
Procurei um marceneiro que me prometeu (e cobrou) um material similar e de qualidade, mas que por fim me entregou uma base feita com restos de madeira e que não pesa 1 Kg! Sei disso pela pesagem final no aeroporto!
Passados os sufocos e secadas as lágrimas (dramático isso!), só me restava uma coisa - TRABALHAR MUITO!
A nova base, até mantinha o boneco em pé mas, por ser leve, não permitia a movimentação pois acabava cambaleando conforme minha ação sobre o boneco. Só me restava mesmo, baixar a cabeça e ensaiar com esse novo objeto, que requeria a busca de uma adaptação das minhas movimentações.
Disciplinadamente, ensaiei as possibilidades de movimento, em um canto do próprio quarto de hotel. No dia da apresentação passei a tarde toda retomando a cena. O foco era experimentar todas as ações e estar segura para o momento da apresentação.
O truque foi basicamente esse: eu mantinha um pé "cravado" na base, enquanto o resto do corpo executava as ações da cena!
Como eu era a última cena da noite, passei uma hora esperando, caminhando ansiosamente pelas coxias.
Rezei para conseguir retomar a cena mantendo o mínimo de qualidade e para conseguir de fato compartilhar com todos esse trabalho tão precioso para mim.
Entrei nervosa, um tanto insegura, mas feliz porque eu sabia que a oportunidade de apresentar no centenário Teatro Amazonas, para uma média de 700 pessoas era ÚNICA!
Entrei para ser feliz, fazer feliz!
Quando tocou o VOLARE, a platéia aplaudiu em cena aberta! Lembro nitidamente de olhar para o Ricardo (boneco) e pensar - superamos!
Resbalei no creme dental, caí no chão de quatro (descobri outras possibilidades para a cena), explorei a escada, me atirei (literalmente) no colo do público!
Superei os problemas, atingi o estado de jogo da minha palhaça e conectei com o público.
SENTIR, JOGAR e COMPARTILHAR!
INTEIREZA!

No final ao agradecer os aplausos, junto com os demais grupos, pude ver os olhares carinhosos de grandes amigos na platéia - Abraços generosos para o povo das Rosas no Jardim de Zula, Quintal, Acontecia em 1950, Selma Bustamante, Adelvane Néia e Expedito Araújo.
Foi muito bom ter compartilhado esse momento com vocês!

quarta-feira, 21 de março de 2012


MANAUS é surpreendente!
Perdi material cênico no avião (eu não a TAM) - que destroçou o que eu tinha (o que o Ricardo tinha).
Encontrei um marceneiro que vai resolver tudo - assim espero!
Caminhei quilômetros no sol escaldante do meio-dia atrás do tal marceneiro (o google me mandou para uma maçonaria).
Fiz bolhas no pé e pisei no coco de cachorro!
Conheci pessoas muito carinhosas (a produção é primorosa).
Revi amigos queridos, Andreia, Talita, Adão e Expedito.
Vi o sol já forte às cinco da manhã
Por fim, tomei um bom banho de chuva, a noite, quase na frente do Teatro Amazonas - com direito a book fotográfico feito por uma pessoa desconhecida... Agora conhecida
O que mais me reserva MANAUS?

O caro leitor deve estar se perguntando - E o AMOSTRA GRÁTIS? Afinal é pra isso que tu foi à Manaus...
É NO SÁBADO ÀS 19:00 NO TEATRO AMAZONAS!!!!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Manaus

Um frio percorre minha espinha...
Dúvida, medo, ansiedade!
Nunca se pode prever o que pode acontecer em um festival.
Tenho boas e péssimas experiências!
O que virá?

Em Manaus o teatro é gigantesco, muito diferente do local do Galpão Cine-Horto em que o público ficava próximo e o jogo era mais íntimo.
Provavelmente terei que utilizar alguns recursos experimentados em Goiânia, como entrar pela platéia e subir no palco me arrastando, com o bumbum quase a mostra. Coisas que só poderei definir ao conhecer o espaço.
Três coisas me preocupam - estabelecer o contato com a platéia e manter a estrutura (com os detalhes) da cena, mas principalmente conseguir me colocar INTEIRA nesse jogo, para que de fato haja o encontro em que eu e o público compartilhemos o mesmo sentimento.

Peço aos deuses que conduzam meu material cênico até Manuas mantendo a integridade e os horários!
Posso fazer a cena sem música, sem luz, mas não sem o Ricardo que sempre viaja no bagageiro!!!!

Quando tudo dá errado...

Só resta a essência - o jogo.
Fiz minha primeira apresentação de 2012.
Vários ensaios, trilha gravada, regravada, registrada em CD, pen-drive, no diabo a quatro!
Calor do cão!
Comemoração do dia da mulher!
Tapete rosa no chão, flores, olhares ansiosos na entrada.
Inteireza com certeza! Eu estava inteira, a conexão com o público estabelecida!
Quando entra a primeira música xxxxxxxxxxxxxxxxxtttrrrrrrrrrrrrrsrxvvvvvvvvvssssssssssss
Cabo de som com defeito!
Nada de passarinhos, nada de campanhia, nada de música!
Rápidamente um pensamento me veio a cabeça e rapidamente ele se foi - paro tudo?
Mais de oitenta pessoas na minha frente, segui agarrada na única coisa que poderia salvar aquele momento O JOGO!
Finalizei com um enorme sentimento de vazio...
Sustentei o jogo, mas o encontro ficou sem trilha sonora e o brilho que poderia ter.
Poderia ter aproveitado mais, extrapolado mais... Quem sabe?
SEMPRE!

segunda-feira, 5 de março de 2012

encontros comigo

Festivais e apresentações, tudo logo ali - falta pouco, muito pouco!
O momento é de mergulho total no trabalho, retomar, criar, transformar, qualificar.
Tenho conseguido ensaiar seguidamente.
Tenho retomado as cenas, buscado o estado de jogo.
Confesso que não tenho tido muito êxito quanto ao envolvimento, a INTEIREZA, no que se refere ao estado de jogo.
Hoje comecei o ensaio e não havia energia para mobilizar o corpo.
Parar seria quase uma derrota.
Resolvi retomar a estrutura da cena.
A frio, a seco!
Consegui fazer algumas passagens - as primeiras serviram de aquecimento.
Nas seguintes algumas novidades surgiram e detalhes esquecidos retornaram (como marcas corporais que só precisavam ser acessadas).
Em frente!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Compromisso

Nessa semana vou organizar mais um encontro "comigo mesma"!
Tenho estudado muito, lendo, fazendo anotações...
As relações entre o trabalho do ator e a lógica do palhaço tem se tornando uma constante no meu pensamento.
Com o tempo vou organizar o material para postar aqui!
Até breve!

1º Encontro de 2012

Já não aguentava mais tanto silêncio!!!!
Hoje fiz meu primeiro "encontro comigo mesma" de 2012.
ESTOU FELIZ!
Consegui trabalhar uma hora...
Pode parecer pouco, mas cada minuto de trabalho sozinha é uma luta e uma conquista em termos de envolvimento e concentração.
Alonguei, aqueci e repassei dois momentos da minha cena.
Consegui experimentar o estado de jogo, confesso que não o tempo todo, mas em muitos momentos! Quando eu me envolvia me enchia de alegria e acabava perdendo o tal estado de jogo!!!!
Comemoração total!
Quando comecei a repassar as cenas percebi que já não lembrava as sequencias e motivações que levavam a cada ação! tsssssssssss
Passei a retomar o VOLARE - que é sempre muito prazeroso para mim!
Desde a parte em que chego perto do boneco e viro com o braço. Experimentei as sugestões do Ricardo Puccetti, buscando as motivações e reações frente as novidades.
Adorei o pequeno encontro! Me fortaleceu!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Recomeçar

Parece título de música (da Elis Regina- ui me puxei)!
Desde dezembro, minha última apresentação do AMOSTRA GRÁTIS, tenho "dado um tempo", parado de vez com ensaios ou qualquer tipo de treinamento.
Primeiro, porque não consegui me organizar e segundo, porque precisava de um descanso.
Entretanto, todavia e contudo, há algo fervilhando dentro de mim, uma vontade imensa de retomar o trabalho, é mais que uma vontade é uma necessidade.
A "coisa" é tanta, que anda escapando em ações cotidianas, ou seja, tenho extrapolado no dia-a-dia, e sem querer acabo experimentando situações extremamente clownescas (algumas vezes em momentos não muito adequados).
Exemplos?
Aí vai:
  1. Espiar pra dentro do meu vestido, com a cabeça praticamente dentro da gola, ao final de uma reunião de trabalho! (por sorte só tinham amigos - três!)
  2. Acompanhar o movimento do cotovelo de um colega durante uma explicação teórica sobre processos de aprendizagem
  3. Pular enquanto analiso um organograma de trabalho
Talvez isso não pareça (para você leitor) nada clownesco, engraçado, talvez pareça simplesmente uma pessoa um pouco atrapalhada, descompensada, sei lá...Talvez pareça normal!
Mas essas pequenas ações extras, que aparecem no dia-a-dia, me conectam diretamente com a energia e a lógica da minha palhaça e me fazem feliz! Me remetem à Dona Generosa!
Enfim preciso retornar ao trabalho urgentemente (ou pelo menos antes que escape do controle - não resisti a piadinha de mim mesma).
A questão que se impõe é que agora tenho medo, não sei por onde RECOMEÇAR...
Espero que seja como andar de bicicleta!
Não consigo lembrar de como foi exatamente o processo de construção do AMOSTRA GRÁTIS, tenho apenas pequenos flashs.
É recomeçar literalmente.
Hoje revi a cena no Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine-Horto e pensei - Meu Deus eu construí tudo isso? Sou eu ali!
O fato é que, sim, fui eu que criei, e apesar de parecer algo distante, é parte de mim, ou eu completa!
Temho que fazer "um mergulho pra dentro" como diz, sabiamente, meu caro amigo Thiago!

Vamos lá!

http://www.youtube.com/watch?v=O_-MEQ-rUWw

Pra quem quiser ver e pra eu continuar a acreditar

domingo, 15 de janeiro de 2012

Já é 2012

To cansada de silêncio...
O tempo de recolher já tá me dando nos nervos!!!!!
Preciso voltar ao trabalho urgente!
Preciso de "encontros comigo mesma" logo!
Manaus tá logo alí!