Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu tenho culhão!

Mais um pouco da minha experiência no PALHAÇADA!
Tive muitos retornos realmente significativos, mas tem algo que me conforta e me dá segurança - foi reconhecido que o trabalho tem qualidade, é de alguma forma ousado e o que necessita é de maturidade, ou seja que requer viver para adquirir calma,  tranquilidade e segurança.
Ainda sou muito ansiosa e isso reverbera na cena - óbvio!
Agora vou dar um jeito de encarar cada vez mais a cena!

Porque o título?
"Parabéns pelo trabalho, obrigada! Para primeiro festival tá muito bom! Tu tem culhão!"
Marco Coelho Bortoleto

Acho que foi um elogio!
Espero que sim!

Agora eu conto ou obrigada Rodrigo Robleño

Agora eu conto o que ouvi dos meus colegas palhaços!
Primeiramente MUITO obrigada RODRIGO ROBLENO por todas as generosas observações!
Nossa! Serão todas observadas e trabalhadas.
O Rodrigo deu um olhar principalmente ao que se refere a estrutura do espetáculo e ao desencadeamento das ações. Ele retomada uma questão que é muito cara para mim e que também foi apontada pelo Ricardo Puccetti no último curso que fiz. Os apontamentos do Ricardo eram na direção da lógica do palhaço, o que gera determinada reação, qual a lógica que desencadeia determinadas ações e reações? O que o rodrigo fez foi questionar algumas ações que aparecem no espetáculo e dão a cara de algo montado e não de algo que surge pela ação anterior, ou por algum desencadeador. To conseguindo ser clara? O Rodrigo observou momentos do espetáculo em que as ações estão gratuitas, que aparecem simplesmente porque fazem parte da estrutura montada. Mas além de questionar e apontar ele fez sugestões de como compor essa lógica da CAUSALIDADE a partir das próprias ações que estão no trabalho mas que eu não tinha percebido. Óbvio isso é olho de direção, que eu não tenho...tssssssssss Mais uma vez obrigada Rodrigo Robleno
Me lembrei agora quando Pepe diz que devemos agir como se ações estivessem sendo criadas naquele momento, mesmo que não sejam! Tudo se interliga
Talvez a palavra seja REAÇÃO, mesmo quando é apenas estrutura deve parecer reação a algo, uma "idéia da hora".
Outra coisa comentada é sobre o estado do palhaço. Para mim é importante pensar sobre isso, porque de alguma forma pode estar conectado com o sentimento de liga e desliga que tive durante o espetáculo e é algo recorrente em outras postangens, acho que tem um elo com o estado de INTEIREZA também. Tenho consciência que em muitas apresentações o estado do palhaço vai e vem, assim como em muitas ela teve presente quase todo o tempo. Também tenho consciência de que é algo que requer tempo e trabalho junto ao público. Mas nas conversas fiquei bisbilhotando em que momentos parece que esse estado se perde. O que foi levantado é que parece se perder quando entra a fala e a interação mais direta com o público. Sim, acho que concordo, porque o ainda explorei pouco o elemento da fala e porque como me disse o o Rodrigo eu posso ter usado de maneira distorcida, no sentido de usar para preparar algo e não como consequência do momento! Mais uma vez obrigada Rodrigo Robleno porque apontar o problema é uma coisa, buscar soluções é um mundo!
Acho que essa postagem deveria ter como título OBRIGADA RODRIGO ROBLENO! Vou mudar!
Lembrando do espetáculo e das minhas sensações em relação a ele eu percebo claramente os momentos em que a atriz foi maior que a palhaça, agora é momento de reorganizar e dilatar o estado da palhaça para esse momentos de escorregão!






Eu tenho tanto pra te falar...

Na verdade eu tanto para ouvir e como é bom ouvir!
Principalmente quando se trata de coisas que vão contribuir cada vez mais com o nosso trabalho, quando se trata de palavras curiosas, cuidadosas e carinhosas!
Participei do meu primeiro festival com o espetáculo na íntegra - PALHAÇADA em Goiânia.
Lá conheci algumas pessoas que me deram retornos muito significativos a respeito do espetáculo, tanto do que se trata da dramaturgia quanto da construção da minha palhaça.
Antes de relatar as dicas desses novos amigos (porque para mi agora são de fato AMIGOS) vou relatar da minha sensação:
1. Lembro claramente quando eu levantei de trás da poltrona na primeira cena - que distância, quanta luz na platéia... Tsss - o que isso significa? Parte de mim estava em cena, em estado de jogo e outra parte de mim conseguiu perceber a luz, a distância da plateia. Talvez isso não seja ruim, nem bom. Mas esse pequeno pensamento fez um pequeno desligue em mim. Sabe ligar e desligar a luz? Senti assim.
2. O público estava bem receptivo, e ao fundo estavam alguns palhaços e outros profissionais da área. Óbvio que muitas vezes meu foco foi para lá, e na real em nenhum momento eu consegui decifrar o que se "passava naquelas cabeças"! Era um misto de ansiedade e curiosidade!!!!
3. Em muitos momentos pensei porque: a luz não tá mais fechada? Senti a necessidade de algo mais intimista.
4. Senti falta em mim daquela sensação de INTEIREZA que eu falo seguida nas postagens do blog. Essa sensação oscilava no decorrer do espetáculo, a sensação do fruir, de sentir, compartilhar e jogar intensamente. inteira sim eu estava, mas talvez não INTENSA! Ahhh é isso! Senti falta dessa sensação que me toma e me deixa plugada!
5. Reconheço que estava inteira e que o trabalho fluiu, mas não fruiu totalmente -  eu quero mais que fazer certo! Eu quero a sensação do momento do encontro espetacular. Eu quero aquele sábado de Porto Alegre em que nadei no champagne...
6. Em determinada parte do espetáculo tive uma sensação de distanciamento, não sei bem se é essa a palavra... a imagem é clara na minha mente! Eu tava no meio da plateia e algo me disse - não é isso...
e não foi culpa do champagne (que eu bebi bastante!). Essa sensação era recorrente todas as vezes que eu saia do palco e voltava pra plateia. Saia do porto seguro das ações pré-estabelecidas da cena para o mundo do risco do jogo da improvisação, do inesperado.
Enfim, essa é a percepção do que incomoda, daquilo que me desacomoda e me faz pensar - MAIS, daquilo que me desacomoda e me faz buscar caminhos para qualificar meu trabalho.
Mas isso foram as questões que se tornam pulgas, motores, alavancas de transformação. Tem as questões de pura inclusão - como o chiclé que pela primeira vez eu peguei no ar e comi! Pode funcionar em outras vezes! Aliás o chiclé rendeu, porque nasceu a ponte com a camisinha. Uma ponte que já existia, mas de maneira pequena e frágil e que ficou muito clara a partir do jogo estabelecido nesta apresentação. A coleção de camisinha virou uma coleção de chiclés - de vários sabores!
Tá, não tem muita inclusão direta!!! Mas as questões pulgas quando encontrarem caminhos com certeza serão elementos de inclusão!!!
Acabo de me dar conta de que a postagem era para contar o que ouvi e acabei fazendo uma enchurrada, um momento terapia total.... :OP
Entretanto, todavia, contudo o título já é um prenúncio de que eu iria mais falar do que ouvir!!!!!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Diferentes percepções

O desencadeador de tudo era: uma palhaça solitária em busca do amor - só!

Interpretações que já foram feitas quando eram somente os 15 minutos: "Felliniana, parece a Giulietta Mazzina", "Eu fico triste por ela, mesmo sabendo que é um boneco e uma cena!", "e tem a cena da viúva desesperada", "gosto muito do funk final, dessa inclusão da cultura de massa".
Interpretações feitas a respeito do espetáculo na íntegra (45 minutos): "ela é um lixo humano", "trabalho mostrando o palhaço erotizado".

Ao ler parece se tratar de dois trabalhos totalmente diferentes, de certa forma - SIM.
Minha busca é conjugar essas características.
Quando li sobre o palhaço erotizado tive um misto de graça e preocupação.
É isso que passa o espetáculo? Não foi isso que pensei num primeiro momento...num primeiro momento!
Reconheço todas essas características e sei como essas interpretações vão dando outro caráter ao trabalho. Na medida em reconheço e aceito essas interpretações, elas interferem na composição da cena, pois começo a me apropriar desses conceitos que, embora presentes no trabalho, não estavam no plano da consciência, do desejo gerador. Quando essas ações cênicas, que num primeiro momento compuseram a construção dramática (solidão e as possibilidades românticas com um companheiro imaginário), são interpretadas de outras formas, incluem na minha rede de significações outras possibilidades de abordagem e aproveitamento do material existente.
Agora são questões de escolha, a partir desses caminhos apontados. O que fazer com tudo isso?
Por enquanto brincar, me entregar para os acontecimentos e para o jogo e aceitar o que vem se desenvolvendo e se aprofundando - indo em direção cada vez mais da identidade da minha palhaça.

é tudo PALHAÇADA


É amanhã!
Meu primeiro festival de palhaços com o espetáculo na íntegra!
Sinto o peso da responsabilidade...
Sinto o prazer da responsabilidade...
Vou com um frio na barriga, um certo medo, mas vou confiante pelo carinho, cuidado e comprometimento que tenho pelo trabalho!
Mala quase pronta, só falta pintar o cabelo!

domingo, 5 de agosto de 2012

Equalizando

Fim dessa pequena temporada em Porto Alegre - saldo positivo!
No sentido das aprendizagens que fiz e de público.
O primeiro dia na sexta, foi daqueles de "chorar no cantinho", insegurança, nervosismo, estrutura capenga, jogo contido e para arrematar pouco público e ainda tímido (pelo menos a maioria era amigo querido)
Segundo dia sábado, BOMBÁSTICO, eu estava muito aberta para o jogo e para aproveitar de fato as situações inusitadas que aconteciam, assumi e acolhi o lado bufa. Público muuuito participativo e casa lotada! Espetáculo redondinho! Saí cheia de energia.
Terceiro dia, jogo mais formalizado, no sentido de utilizar recursos e estratégias conhecidas minhas para as respostas junto ao público, não entrei na zona de risco e do novo.Cartas na manga. A relação entre a palhaça e a bufona não foi fluente como na noite anterior. O espetáculo aconteceu bem, o público tava participativo e quente e a casa cheia. Espetáculo padrão, bem feito, mas podia ter ido mais!
Acho que estou num momento de equalização - alguns números funcionam muito em um dia e em outro não, descubro pequenas intenções que movem cada momento e ação, perco alguns detalhes queridos e aos poucos vou me apropriando de cada parte.
Quero o sentimento de BOMBÁSTICO sempre, tem haver com a INTEIREZA!
Retomei o prazer de me expor!
Mantenho algumas dúvidas antigas e outras novas!
Sigo caminhando!

PALHUFA

Um dia, logo na primeira estréia em 2010, meus amigos palhaços Ondina e Tufoni me chamaram de PALHUFA - palhaça + bufa!
E isso se confirma cada vez mais! Sou exagerada, sem filtro, sem noção de dimensão, escatológica, sem freio!
Me lembrei de uma apresentação para o EJA do CAp (que descrevo aqui no blog) em que o jogo se encaminhava para algo muito escrachado.
Ontem meu amigo Márcio comentou - "Ela é um lixo humano!"
Bom... Rumo a identidade!
Agora as fronteiras a serem pensadas se ampliam - Eu, a palhaça e a bufa!
Isso tudo ajuda no reconhecimento, ao mesmo tempo que amplia as dúvidas - pode essa mistura toda?
Apesar da dúvida que gera, há também um certo conforto (na alma) - é isso que tenho!

Caminhos para serem pensados:
A escatologia e o escracho X delicadeza e a meiguice
O tempo, o passo-a-passo até chegar no absurdo e na explosão da ação

Os dois últimos dias de espetáculo me permitem reconhecer que eu consigo estabelecer o jogo com a platéia, ver o que acontece, aproveitar o imprevisto... Que há liberdade dentro da estrutura.
Outra frase do Márcio - "é legal ver quando tu te coloca em risco, a gente fica esperando, atento para ver como vai ser a solução".
Mas isso também me leva a outra dúvida - o excesso de improvisação não dá uma cara de amadorismo ao espetáculo?


Enfim, dúvidas, descobertas... caminhada!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Novos parâmetros

Ontem eu e Pablito arrumamos o espaço e fiz dois ensaios...
Para mim começa a ficar cada vez mais claro que a dinâmica que adotei até aqui, de buscar pequenos espaços no cotidiano para o trabalho, está ficando insuficiente para minhas atuais necessidades e desejos.
Na retomada ontem era visível o que falta de ensaio sistemático faz - além do jogo estar morto, sem vida, a estrutura não tinha rítmo e estava engessada.
A primeira passada foi traumática - só pensava - meus Deus como vou apresentar amanhã?
Na real também tô insegura.
Talvez só uma crise de reestréia!
A segunda passada foi melhor, com mais rítmo e intensidade, agora é ver hoje com o público!

Mas uma coisa é certa: preciso rever meu parâmetros de trabalho. Hora de dar uma virada e estruturar uma rotina de ensaio e trabalho para que eu construa a qualidade que pretendo ter.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012