Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Coisas cósmicas...


Fui convidada para a !ª Mostra de Monólogos em Caxias do Sul, que ocorreu em fevereiro deste ano (2013)! Fui felicíssima porque adoro apresentar em Caxias (o público sempre é muito carinhoso) e porque é sempre mais uma chance de exercitar e viver a minha palhaça!
Quando cheguei lá, concomitante a Mostra estava ocorrendo uma oficina com Ana Woolf, da Argentina, que participa do grupo Pontedera (ligado ao eugênio Barba). No grupo de oficinandos, além dos muitos amigos queridos; Odelta, Tanaã, Tefa, Márcio, Beto Ribeiro e Tina estava presente Vera Lúcia Ribeiro - palhaça integrante do primeiro grupo de palhaças do Brasil, as Marias da Graça.
Nos encontramos todos por acaso na noite anterior ao espetáculo em um restaurante em Caxias do Sul. Odelta me apresentou para a Vera e pude convidá-la para o espetáculo.
Louco né?
E mais, um grupo grande da oficina já tinha se combinado para assistir o AMOSTRA GRÁTIS no outro dia!
Qual a probabilidade de ter a chance de compartilhar meu espetáculo com essas pessoas, figuras importantes do mundo teatral e da arte da palhaçaria e que até o momento só faziam parte da minha imaginação?! E em Caxias do Sul?!!!
Mundo pequeno esse... ou caminhos escritos?
Não sei...
Só sei que foi muito bacana e uma linda e grande oportunidade de divulgar meu trabalho. Quem sabe algumas portas ou janelas se abram neste novo ano que se inicia!

O PRIMEIRO MERGULHO

Fiz o primeiro mergulho na cena!

Foi incrível, maravilhoso, me senti inteira!
Errei o primeiro movimento, na primeira cena em que acordo do sonho fiz um movimento muito forte e o sofá veio por cima de mim. O que talvez em algum momento fosse motivo para pensar - puts errei no início -  se transformou no meu primeiro - ha olha só já me fudi hahahahahahaha agora sou um tartaruga! Brinquei com a situação e segui o baile segura e feliz!!!!!
O foco era reconectar com meus sentimentos e isso foi acontecendo naturalmente porque me permiti um tempo maior para tudo, um tempo de explorar os porquês que antecediam cada situação.
Porque eu deveria sentar ao lado do boneco?
Porque ele me chamou, então fazia uma menção a uma pequena conversa ou cochicho entre namorados.
Porque eu faria um strip-tease?
Porque ele não quis me beijar, talvez ainda estivesse com mau-hálito.
Porque eu tomo um banho de champagne... porquês, porquês, porquês....
Lembro do Ricardo Puccetti falando sobre a dramaturgia do palhaço, da ação. Cada ação tem uma lógica para o palhaço e que deve ser explícitada para o público também!

Não sei se o SENTIR me deu TEMPO ou o TEMPO me levou a SENTIR. Talvez seja uma via de mão dupla, a partir do momento em que eu me permito explorar um ou outro eles se desenvolvem - independente da escolha! Redescobri o SENTIR, fiz as pazes com o TEMPO!

É preciso enfatizar a importância do ensaio a tarde, tenho consciência dessa minha dificuldade, percebo isso na cena, vejo nos vídeos e diferentes pessoas já me apontaram - "aproveita mais, curte Ana! tem muito material que não pode se desperdiçar!"
Fui para o ensaio buscando isso e durante essa busca encontrei muitos porquês. Apesar de ter ficado frustrada com o ensaio em termos de energia e conexão com o sentir, ele foi fundamental para eu descobrir ações que acionavam as justificativas (para não repetir porque) os desencadeamentos de cada situação cênica.
No momento do espetáculo esse novo material me deu mais sustentação e calma, para aproveitar e curtir! me sento conectada comigo, com a cena e com o público.
Saí de alma lavada!
"2013 pode vir quente porque eu to fervendo!!!!"

Sei que tenho muito a aprender mas estou aberta e percebi que é possível!

QUE VENHA 2013!

Abrindo os trabalhos!!!!


Começo 2013 com pé direito!
Fui convidada pela queridíssima Zica Stockmans e pelo Sandro para compor a 1ª mostra de monólogos de Caxias do Sul.
O espaço é incrível, charmoso, acolhedor (tem lareira gente!) e com uma equipe maravilhosa!
O primeiro desafio foi a oficina "Em estado de graça" - de encher a alma da gente! Dezoito pessoas das mais variadas idades e experiências, completamente entregues, com olhos vibrantes e o desejo de aprender! Eu aprendi muito com eles o bacana é que dar aula aguça a percepção da gente! Coloca o olho para fora, no outro e automaticamente para dentro  - como eu compreendo esse outro e como posso ser de fato um instrumento importante para aquele momento dele.
No outro dia a apresentação... Aqui cabe um relato mais detalhado...
Desde novembro de 2012, última temporada em Porto Alegre eu não ensaiava mais o Amostra e isso é sempre um risco, então apesar de trabalhar constantemente com a arte do palhaço (aulas, encontros com outros palhaços, leituras, etc) eu não tinha repassado a estrutura do espetáculo, seus detalhes ou estados energéticos. Entretanto, todavia e contudo sempre reservo o dia do espetáculo para me dedicar inteiramente a ele com ensaios diretos do todo e de pequenas partes -  e foi o que eu fiz!
Pela manhã fui para o teatro, sol mansinho, vento no rosto e o relógio termômetro me dizendo BOM DIA!!!!
Comecei a arrumar o cenário e descubro que uma das poltronas (a reserva - graças a Deus) estava completamente mofada. Resolvo ir ao super mercado comprar outra só de sobre-aviso! deixo tudo montado no teatro e vou comprar as coisas que faltam. No início da tarde começo todo o processo: afinação de luz, ensaios, ensaios, ensaios... Tava exausta e insatisfeita com os ensaios. Tudo sem vida, sem energia, sem conexão de sentimento... comecei a ficar muito preocupada. Eu sempre fico! Fiquei pensando - acho que sou um blefe e as pessoas vão descobrir!!!!!!!
Tenho um problema muito grande com o TEMPO, que acompanha o blog já deve ter visto em diferentes postagens. Com medo de esquecer a sequencia de acontecimentos, tenho a tendência de passar de uma ação a outra sem de fato curtir e explorar todas suas nuances e possibilidades! Sem viver intensamente o momento e por consequencia sem me conectar sentimentalmente as ações. Fica tudo cristalizado, mecânico.
Meu objetivo, então, para essa apresentação era conectar "comigo mesma". Era SENTIR!
Me divertir, me apaixonar, me envolver.
Hora do espetáculo. Casa lotada. Amigos queridos, alunos, pessoas importantes da área teatral e da arte da palhaçaria... enfim... meu estômago estava repleto de borboletas que se  debatiam.
Rezei!
Pedi, à Deus, aos anjos, ao Cósmos, às forças que regem esse louca vida, que eu de fato pudesse compartilhar o meu trabalho com generosidade e amor, livre do meu exibicionismo ou do meu ego (já disse que sou bem piegas né).
Fechei o nariz e MERGULHEI...

cenas dos próximos capítulos
errei o primeiro movimento..
tomei banho de champagne
redescobri o SENTIR
fiz as pazes com o TEMPO