Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

domingo, 21 de abril de 2013

AVNER

Fui selecionada para a oficina do AVNER EISENBERG!
Só de pensar chego a me emocionar... Porque ele é uma referência em termos de trabalho de palhaço, porque as coisas que eu vi dele (no youtube é claro) sempre me fazem suspirar! Não rir enlouquecidamente mas me encantar...
Não sei o que esperar da oficina, minto...acho que vai ter MUITO trabalho físico
Não sei o que esperar de mim...
Ao mesmo tempo que me sinto como uma criança a espera de um presente, tenho medo de não corresponder as minhas expectativas. Que expectativas? De fazer algo interessante, de ser interessante! A última oficina que eu fiz me deixou muito insegura, me achei um blefe... Não quero sentir isso novamente!

Bobagem! Larguei mão disso!!!
Meu propósito é SENTIR
Quero me conectar comigo ao extremo, quero INTEIREZA total e se possível em todos os momentos!
Quero SENTIR, conectar comigo, com o que eu tenho de mais profundo e encontrar o botão que permite eu conectar sempre que quiser!
Quero que toda vez que eu entre em cena seja um sentimento tão grande e intenso que eu me encha de luz e de vida!
Tá, o papo ficou cabeça, ficou etéreo...mas é isso que eu quero!
Quero acionar o botão da INTEIREZA toda vez que eu entrar em cena, quero que as pessoas sintam essa intensidade, mas quero vivê-la com tudo!
Bom, então já tenho expectativas bem claras - eu disse que menti!!!!

http://www.napontadonariz.com/p/curso-intensivo.html

http://www.avnertheeccentric.com/eccentric_principles.php

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Milhares de coisas

Gente o ano começou bombando
1. Fui convidada para encerrar o 5 Festival de Cenas Breves em Manaus - sim fui para a Amazônia mais uma vez apresentar minha cena curta naquele teatro maravilhoso!
2. Fui selecionada para a oficina do AVNER EISEMBERG (EUA), estou radiante!
3. Fui selecionada para meu primeiro festival internacional de palhaços o FESTCLOWN - estou emocionada! com medo mas feliz!

Enfim tenho muitas coisas para contar...mas estou sem tempo!!!

Espelho, espelho meu

Espelho, espelho meu ou mais um reflexão sobre o trabalho com a Lia!!!!
Durante todo o processo de criação da Lia, que resultou no espetáculo HISTÓRIAS DO ERMO DO OLHO, o trabalho dela me fazia olhar e questionar sobre o meu trabalho.
Qual de fato é a lógica da minha palhaça?
Como assumir meu exagero e fúria e como incorporar a sutileza e a delicadeza?
Quais os desencadeamentos necessários para as ações de cena?
Quanto mais em olhava para o trabalho da Lia, mais eu refletia sobre o meu e quanto mais eu refletia sobre o meu mais conseguia colaborar com o processo dela!
Ufis!!!!

Ah! Preciso dizer que um grande barato sobre o espetáculo é dela é justamente a palavra que ora se torna pura palhaçaria (porque o poeta tem um ermo no olho e enxerga as coisas distorcidas, quase como um palhaço) como o poema em que "Os pássaros cacaram. Cacaram nos postes, nas ruas..."
Ora o jogo do palhaço justifica o poema como no momento em que o poeta conta aos seus pais que não queria ser doutor!




Um exercício de generosidade

O ano de 2012 foi fantástico, por muitas razões mas uma em especial me acalenta a alma: o encontro com três palhaços incríveis Lia Motta, Marcos Rangel e Genifer Gehard. Um grupo que se formou para estudar e desenvolver a arte do palhaço O QUARTETO FALHAÇO.
Fizemos alguns encontros e piramos na construção de um projeto (que ainda será executado)!
No início de 2013 o grupo não conseguiu se reunir por uma série de trabalhos do Marcos e da Genifer e foi a hora de eu e LIA nos aproximarmos...
Confesso que a Lia sempre me assustou, ou assustava! É uma mulher forte, apesar do corpo pequeno, cheia de opiniões e, principalmente, cheia de experiências no circo, o que sempre me fez respeitar muito as opiniões dela. E mais, Lia não esconde o que pensa e eu, sempre morri de medo dela revelar aquilo que eu escondo!!! hahahahahahahah
A Lia estava num momento que eu já tinha vivido, ela queria muito mergulhar no seu projeto solo de palhaça então ela me convidou e eu me ofereci (isso ao mesmo tempo) para ajudar - porque sei muito bem como é ter que se fechar sozinha numa sala e tentar olhar para si! Uma ajuda sempre vem bem!!!
Combinamos um intensivo em fevereiro nas minhas férias.
Fui vazia, não sabia o que esperar e como começar todo processo. Acho que nem ela! Mas fomos extremamente abertas e nos descobrimos GRANDES AMIGAS E PARCEIRAS DE TRABALHO! Hoje continuo vendo a Lia como uma mulher forte, cheia de opiniões , mas vejo também uma mulher afetuosa, sutil, delicada, disponível, generosa e as suas opiniões que um dia me davam medo agora alimentam meu trabalho e minha vida! Então antes de começar a contar sobre o nosso trabalho aí vai um MUITO OBRIGADA por compartilhar tuas histórias do ermo do olho comigo! 
A Lia já tinha uma proposta clara trabalhar a poesia de Manoel de Barros a partir da arte do palhaço. Eu sempre fui muito resistente a palavra (porque de fato não sei trabalhar muito com ela), mas esse era o trabalho da Lia e eu precisava respeitar os seus "quereres" antes de tudo. Já adianto que a Lia me ensinou a amar a palavra (mais um MUITO OBRIGADA LIA).
Todo o trabalho foi um exercício de generosidade e aceitação, tanto meu quanto dela, do que éramos, do que somos. Foi um acolhimento irrestrito de nossas diferenças e de aceitação de todo e qualquer material que foi sendo criado, sem julgamentos. Não havia a crítica só acolhimento! Esse processo permitiu que nossas diferenças se tornassem nossas grandes aliadas, onde tinha carência de delicadeza e ternura tinha quem oferecia, quando faltava fúria e excesso tinha outra que nutria. E pasmem a fúria e o excesso era do meu lado em contraposição a delicadeza e sutileza da Lia que sempre encontrava a sua maneira de fazer as ações e gags cômicas que eu propunha com determinado exagero. Por exemplo para a cena de "A CORDA"  eu propus que ela passasse dançando por baixo da corda, virasse e desse de pescoço , essas ações característica de um jogo mais escancarado da minha palhaça não condizia com a lógica de ações da palhaça da Lia, então na exploração do objeto e das possibilidades de ação descobriu-se a trapezista! O trabalho então se fez no exercício da generosidade! Mas também por um conhecimento sobre a história e arte do palhaço porque nos apoiamos muito em diferentes gags e números tradicionais, nos apropriando das estruturas cômicas e adaptando ao contexto do trabalho.
O mais louco de todo esse processo é que tudo fluiu naturalmente, as propostas para trabalhar cada cena nasciam naturalmente da nossa interação e experiência. Trazíamos as ideias, trabalhávamos cada parte(os exercícios para desenvolver cada parte parecem que surgiam como uma benção PIM mas é obvio que nasciam de um repertório individual de anos de trabalho) e tudo ACONTECEU sem dor, sem problemas. Bom, no finzinho  a Lia teve uma crise de insegurança, mas foi superada!!!! Ela já fez inúmeras apresentações, e parece que tem sido muito FELIZ!!!! Ainda não conseguimos sentar para trocar figurinhas e falar da vida, de sonhos e novos projetos - o que fazíamos sempre ao final de cada ensaio!!!
Mas essa semana mataremos a saudade! Eu acho! Então mais uma vez OBRIGADA LIA MOTTA por compartilhar esse momento e me possibilitar o exercício da generosidade que só me fez crescer!
Ah! Parabéns pelo lindo  trabalho - tenho orgulho!!!!