Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

domingo, 8 de setembro de 2013

Novo número

Comecei a montar um novo número - acho que já falei sobre isso...
Enfim, estou concentrada em aprender a coreografia da Beyonce - Single ladies .
Primeiro desafio decorar a coreografia. Meu corpo não tem registro ou estruturas relacionadas a dança. percebi que minha compreensão do meu próprio movimento é patética - penso estar reproduzindo os movimentos de forma igual ou muito parecida a da artista, mas a verdade é que estou longe disso - como eu sei?
Bom, comecei o trabalho, vendo e revendo o clipe e tentando imitar cada gesto e ação da coreografia (sozinha, na sala de trabalho). Posteriormente uma aluna veio me ajudar com a coreografia, 10 minutos por dia 3 vezes por semana (na hora do recreio), nesse momento outros alunos também começaram a aparecer para ver o ensaio e começaram a rir da maneira que eu dançava.
Gente, na boa, eu estava tentando dançar bem! meu intuito inicial não era dançar igual a artista, mas reproduzir a coreografia de forma convincente e parecida. Mas devia ser patético porque os alunos, além de rir, comentavam e imitavam. A Mariana algumas vezes reproduzia o que eu estava fazendo e era totalmente diferente do que ela estava tentando me ensinar! "Não assim professora" - seguido de riso!
Ok, minha compreensão do meu próprio movimento é distorcida! imagino e sinto algo que é diferente daquilo que faço ou ainda, minha sensação e imagem em relação ao que faço é diferente daquilo que as pessoas percebem. Neste primeiro momento!
Porque no momento seguinte comecei a tentar me dar conta das distorções e investir nelas. Comecei a ampliar a maneira como eu conseguia reproduzir a coreografia. suprimi passos impossíveis e construí minha própria sequencia. Quando a Mariana veio ensaiar comigo já tinha dificuldade de copiar os movimentos em função das coisas que eu já estava codificando!
Se no início eu tive o sentimento de jamais conseguir dançar, de como é difícil, agora eu estou curtindo!
mas daí me deparei com outro conflito - o olhar do público, em específico da minha estagiária Clarice. Cabe aqui enfatizar que a Clarice é extremamente sensível, generosa e afetuosa, mas por um instante me passou um sentimento de medo e vergonha de ensaiar na frente dela.
Imagina! E se ela não achar engraçado? Se ela achar bobo?
Só para esclarecer a Clarice chegou para o estágio mais cedo e me pegou ensaiando sozinha!
por alguns minutos me fiz de boba e encerrei o ensaio tentando fugir do constrangimento de mostrar para a Cla, mas depois os alunos começaram a chegar esperando ver meu ensaio.
Me senti mais encorajada, com o olhar da criançada que geralmente me apoia muito!!!! kkkkk
Fazia muito tempo que não me sentia assim insegura!
Mas daí pensei - aproveita, experimenta!
Fui e dei atenção ao meu olho em não deixar o foco fugir da plateia! Encarei, me diverti e vi olhares afetuosos, alegres....
A plateia realmente "ATIVA O ESPETÁCULO"!
Josette Féral 
A Fabricação do teatro:questões e paradoxos. R bras.est.pres., Porto Alegre v.3, p.577, maio/agosto 2013.

Segundas e primeiras intenções

Quando comecei esse blog em 2010, meu interesse era registrar, como um diário de bordo todo meu processo na construção da minha palhaça.
Sabia que talvez em algum momento eu pudesse usar como fonte de pesquisa e talvez até como fonte do meu doutorado.
Naquela época não sabia necessariamente como ou o que se tornaria pesquisa!
Continuo não tendo claro!
Mas alguns caminhos se abrem, como compreender, através dos registros escritos e de vídeo, a gênese do palhaço ou entender como se constitui a lógica de ações do palhaço.
Isso me interessa!
Ok, ainda tudo muito amplo...
Comecei a ler sobre GÊNESE TEATRAL, acho que pode se tornar uma bom método, um bom guia de trabalho!