Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Relato

Agora pretendo fazer um relato real do que aconteceu hoje, na apresentação pós férias e sem ensaios!
Eu e o super Pablo (meu produtor) chegamos bem cedo na escola onde seria a apresentação.
Escola essa que trabalho como profe de teatro e onde iniciei todo meu processo de construção do AMOSTRA GRÁTIS.
Então, me apresentei num local conhecido para conhecidos - meus colegas de trabalho - como parte da programação para os professores no retorno às aulas.
Após essas pequenas considerações, para colocar o leitor a par da situação, segue o relato e análise dos acontecimentos!
Montamos o espaço (cenário, luz - 5 spots -  som, etc) e quando eu vi já tínhamos pouco tempo!
Era necessário no mínimo repassar todo o material.
Repassei o material!
Rítmo lento.
Detalhes esquecidos.
Jogo...é algumas vezes consegui entrar no jogo indo além daquilo que eu podia reproduzir! Deu até para encontrar algumas "coisinhas" novas!
Terminada a passada já ouvíamos as pessoas na porta.
Deitei e comecei.
Ui - início difícil...algumas pessoas pareciam acanhadas, outras ressabiadas e, outras tantas, com aqueles olhinhos de "vai Ana"!!!! Me agarrei nessas!!!
Quem viu garante que se divertiu!
O Pablo e a Carmem (minha colega de trabalho e também profe de teatro) que já viram e reviram, disseram que foi um dos melhores experimentos junto ao público.
O que eu senti?
Pois é, senti que foi legal, acho que foi uma boa apresentação (tendo em vista a falta de ensaio), entretanto, todavia e contudo não tive aquele sentimento de INTEIREZA, pelo menos não o tempo todo! (eu sou exigente!)
Sabe aquele sentimento que já falei?
De estar tomada pelo jogo?
Pois é, não senti...Melhor, senti algumas vezes, oscilei entre uma entrega total e momentos de auto-crítica e, por vezes, ficava a espera do riso para validar minhas ações. Escrevendo agora, percebo que foi um "mix-remember" das situações vividas no ano passado, mas numa dimensão menor e com alguns instrumentos para buscar reverter os problemas!
Então em resumo: foi uma boa apresentação, apesar de não estar me sentindo plena, apesar da minha mente policiar algumas ações.

Antes de finalizar este relatu cru e cruel quero poder escrever sobre algo que me ocorreu depois da apresentação, quando comecei a refletir sobre tudo que lembro e que senti.
Durante as férias nunca deixei de me exercitar, fazendo alongamentos e caminhadas para manter a flexibilidade e resistência.
Achei que esse tipo de exercício seria suficiente para me manter em dia fisicamente para o trabalho.
A questão que se impõe é que o trabalho artístico requer uma resistência física que vai além das condições corporais. É preciso manter de fato um trabalho artístico que integra corpo e mente em situações de jogo cênico.
Porque?
O que me ocorre como resposta é o seguinte: quando se está em situação de representação a carga energética não é controlada como num exercício físico aeróbico, de alongamento ou outro. Eu sabia disso, mas não sabia da dimensão para o retorno a cena.
Vou tentar esclarecer melhor! Quando se está em estado de representação, existe uma energia totalmente disponível para aquela ação e que varia de intensidade conforme o jogo.
Não é uma energia que se possa diminuir, no momento da ação cênica, para descansar, porque se está inteiro naquela ação, de forma plena, integrada em todos os níveis - físico, mental, emocional e energético.
Ação e reação nos mais diversos níveis!
É uma energia que não se controla, mas que também, não é descontrolada, no sentido de não poder conter ou expandir quando se quer.
É uma energia que apesar de "descontrolada", é totalmente consciente, respondendo aos mais diferentes estímulos do jogo!
Talvez as palavras controlada e descontrolada não sejam as melhores para descrever a energia do jogo de cena, mas é o que consigo no momento!
Preciso pensar mais sobre isso...
No final  da apresentação saí exausta, vazia, dolorida, como se um caminhão tivesse passado sobre mim.
Foi muito além do desgaste físico!
Foi além da repetição com certeza!
E agora percebo que a apresentação de hoje foi plena, no que se refere ao meu estado de disponibilidade e entrega, mesmo que em alguns momentos minha mente quisesse sobrepor o jogo, mesmo que muitas das minhas ações tenham perdido o detalhe ou o frescor!
Acho que é isso!
Beijos

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