Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

domingo, 24 de junho de 2012

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Cada dia uma surpresa



To adorando redescobrir o jogo!
A impressão que tenho é que o espetáculo que montei e, descaradamente, apresentei é ainda um vestido sem acabamento: tá cortado, costurado e tem até alguns bordados, mas falta o acabamento!
É disso que sinto falta e que agora, retomando cada momento, posso cuidar!
Cuidar do detalhe real, não aquele que se fixa como uma ordem intacta mas aquele que, de tão rico permite mais jogo ainda!
Enfim, estou feliz!
Super obrigada ao Taylor (bonitor) que hoje sorriu enquanto eu me divertia!
Quem quiser ver a cena no espetáculo e como ela vem se transformando ao longo dos ensaios é só espiar na postagem anterior!


segunda-feira, 11 de junho de 2012

As coisas se esboçam, mas não explodem...
Eu quero explosão!

RE-começar



Re-aprendendo a brincar sozinha!
Hoje retomei o processo, o foco era explorar o ACORDAR - cena inicial!
Comecei com uma ideia na cabeça, que é obvio, empacou quando não respeitei a resistência que o objeto oferecia!
Hello Ana!
Retomei o brinquedo sem a perspectiva do fim, mas de ir vendo as possibilidades. Toda vez que algo legal ocorria eu retomava do início e repetia! Repetição transformadora! Viva Piaget!
Gravei tudo! Olhei... Gostei do que vi!
Dá uma nova perspectiva para o início do espetáculo!

Seguem dois vídeos  -  a cena como estava no espetáculo e o ensaio com novas possibilidades!


Seguem 5 minutos finais do trabalho de hoje! Por favor ignorem o momento incial em que estou ajeitando a cena!!!



Cena do espetáculo apresentado em Caxias do sul - maio 2012

Acho que to no caminho!!!!

Coisas de palhaço II

Olho, re-olho e vou tentando identificar o que falta de fato no trabalho!
Coisas de palhaço!
Existe, no espetáculo uma evidente diferença entre o início e o meio, o primeiro mais ingênuo o segundo mais escrachado, o primeiro mais apoiado na confusão, na dificuldade e descoberta dos objetos. O segundo mais apoiado no ridículo das situações.
Pois bem, acredito que seja necessário incluir da metade em diante do trabalho a lógica da primeira parte, ou seja inserir nas situações ridículas a confusão, a atrapalhação com os objetos e ações.
Vamos ver no que vai dar.
Volto hoje a metodologia Jack Estripador - por partes!
Vou explorar cada um dos momentos novamente!
Segue o baile!
To com a sensação de descobrimento da América!
Entre a lógica do ator e do palhaço - estreitas ligações que podem bloquear ou qualificar o processo!

domingo, 10 de junho de 2012

Menos, bem menos Ana!

Hoje revi o vídeo!
O impacto de ontem foi forte, mas no segundo olhar percebo que não tá tão ruim quanto eu imaginei...
Sempre comparo o espetáculo longo com a cena curta.
A cena curta é preciosa para mim!
Já entendi que são coisas diferentes mas precisava identificar o que a cena curta tem e que quero que o espetáculo maior também possua (e que ainda não tem).
Olhei e re-olhei as imagens que tenho dos dois trabalhos e acho que encontrei um caminho para a resposta:
SENTIR
Uma das bases principais do meu trabalho, como pude deixar passar?
Descobri isso lá no início e negligenciei nesse momento.
Ok, tava big preocupada com o tempo e estrutura...
Mas o tempo está intimamente ligado ao sentir!
Vendo as cenas do espetáculo me perguntava - onde está o brilho, a alma daquela cena, e desta outra? (principalmente daquelas cenas que fazem parte da cena curta como por exemplo quando viro o boneco lentamente com o ombro e me surpreendo com ele me olhando, ou quando ele morre e eu fico ali parada atônita com o que aconteceu).
Faltou o sentir, faltou a inteireza!
Eu tava aberta para o jogo, para o compartilhar mas estava tão preocupada que o tudo acontecesse certo que não me abri para o prazer da cena.
Estou tentando remarcar outra apresentação...
Quero um registro melhor para mandar para o edital do festival de Goiânia.
Quero um registro melhor para mandar para o Ricardo - quero que ele possa me ajudar mas também quero que ele não desista de ver o vídeo nos primeiros 15 minutos!!!!!

Então vamos ao trabalho!


sábado, 9 de junho de 2012

pérolas no meio da m...


Acabo de ver com cuidado o vídeo do espetáculo inteiro...
Ai, ai, ai...
Tem coisas muito bacanas mas rodeadas de muita sujeira, muito caco, muita ação desnecessária, muita caminhada, muito tudo!
As coisas acorrem mas não acontecem. exceto algumas partes...
Preciso retomar urgente TUDO!
Fiquei de mandar esse material para o Ricardo Puccetti ver... To com vergonha...
Mas sou mais sem-vergonha ainda!
Preciso urgente do olhar de fora!

Segue aí o registro espiem...


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Coisas de palhaço

Ainda no item "conversa vai, conversa vem" ouvi o seguinte comentário de uma colega palhaça:
- Aquilo do chiclé é ótimo, como eu não pensei nisso antes! É bem coisa de palhaço!
(Só para contextualizar, criei uma cena nova em que encontro uma cartela de chile e tento tirar cada uma das pastilhas. Toda vez que tiro uma ela cai no chaõ

Bem coisa de palhaço...
Porque me chamou a atenção?
Por que me remeteu a outra situação, quando logo depois da primeiríssima estréia em 2010 outro amigo palhaço manifestou a surpresa e agrado em relação a cena em que cuspo dentro da meia.
Faço milhares de coisas apoteóticas no espetáculo, como dançar com o boneco, fazer strip tease, chutar a cabeça do boneco, mas para alguns olhares essas pequenas cenas são tão fortes quanto...
Porque?
E porque remetem a ideia de "bem coisa de palhaço"?
Chutando respostas:
a) Porque é simples
b) Porque é a base da lógica do palhaço - ideias absurdas, equivocadas, fora de uma lógica cotidiana
c) Porque é surpreendente
d) Nenhuma das respostas acima
e) Todas as respostas acima



Daí outras perguntas que não querem calar: as outras ações que tenho são de palhaço ou seriam de uma cena cômica qualquer?


Ai meu Deus - pressinto uma crise existencial grave!


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Metodologia

Numa dessa conversas:
- Tá, mas tu usa vídeo para analisar teu material?
- Não!
Fiquei pensando...
- Sim! Mas isso só entrou mais tarde no processo!
A discussão passou a ser sobre metodologia.
Qual a metodologia que eu usei para a construção do meu espetáculo?
Bom, vamos lá...
Primeiro momento: explorar
No início de tudo, eu não tinha a ideia de montar algo. Meu objetivo naquele momento, era explorar o jogo do palhaço e manter algumas coisas desenvolvidas na primeira oficina do Ricardo Puccetti. O que eu fazia era entrar em sala com um foco (como o Ricardo tinha explicado que fazia no seu processo de trabalho). Neste início, basicamente o foco era: trabalho com o boneco, possibilidades de jogo com aquele objeto.
Segundo momento: explorar, perceber, codificar
Quando surgiu a ideia para um espetáculo, elaborei um roteiro base e passei a trabalhar com cada parte. Cada "encontro comigo mesma" tinha um foco, por exemplo "acordar". Experimentava diferentes possibilidades para cada ação (ou para determinada parte do roteiro) e depois repetia as coisas que eu mais gostava. Assim construí uma sequencia de ações e acontecimentos e uma estrutura básica para o espetáculo.

Terceiro momento: ver (além de sentir) e limpar
Os registros em vídeo só aconteceram muito mais tarde quando já havia um esboço de espetáculo. Quando apresentei o trabalho no TIPIE fiz meu primeiro vídeo. Olhar e re-olhar o trabalho me possibilitou reconhecer muitas coisas - aquelas que eu manteria no decorrer dos tempos e aquelas que eu eliminaria do trabalho (e se possível da memória). Mas de alguma forma até o material eliminado ficou como uma reserva de jogo para algumas situações. Virou repertório.
Neste momento eu tinha quase 50 minutos de jogo, um jogo que eu defino como CAÓTICO. O trabalho necessitava de um olho externo para "limpar as ações", para evidenciar o que precisava de um foco maior e mais detalhamento. Mesmo depois de ver algumas vezes o registro em vídeo, as intervenções eram "sujas" cheias de pequenas ações e gestos que não contribuíam para a fluência e valorização do jogo.
Mas de algum modo as apresentações do espetáculo, mesmo em estado caótico permitiram em experimentar muitas nuances do trabalho, desde o deboche, o jogo mais escatológico, até os detalhes mais sutis do trabalho.
A partir destas três etapas do trabalho construí os pilares da minha busca: sentir, compartilhar, jogar.
Quarto momento: fazer escolhas 
Nessa caminhada um momento importante que ocorreu foi a seleção para o Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine-Horto. Precisei reconstruir uma dramaturgia de 15 minutos, elencando principais momentos - minha ênfase era a estrutura dramática e as gags de riso. O material de 15 minutos ficou estruturado desta forma: a chegada do boneco, a dança, a morte e o trabalho com o público. Fiz uma pequena apresentação para um grupo de colegas - desastrosa! No máximo consegui alguns sorrisos.
Nesse momento percebi que, para que a entrada do boneco tivesse potência eu precisa antes estabelecer uma conexão com o público. Inseri a cena da escova de dentes. Bingo!
Quinto momento: reestruturar o material. Novas escolhas!
Passei quase um ano inteiro investindo nesta pequena cena curta, indo à festivais, apresentando em eventos, etc. Chegou o momento de retomar o espetáculo como um todo.
O que fazer?
A cena curta se tornou forte e com uma dramaturgia fluente. Como levar isso para o espetáculo de 45 minutos, tendo em vista que neste trabalho maior as partes da cenas curta estão fragmentadas em diferentes momentos?
O que eliminar daquele material inicial caótico? O que precisa ser recriado? Quais minhas novas escolhas?
Qual a estrutura dramática? Reelaborei o roteiro. Passei a retrabalhar cada parte. Fiz duas apresentações do espetáculo em Caxias do Sul. Duas apresentações bem distintas. A dramaturgia funciona, mas ainda não tem a fluência e potência que desejo. É preciso agora investir no DETALHE e nas TRANSIÇõES!
É neste momento em que me encontro ou desencontro!


"O mundo pode caber em um detalhe"
Frase do grupo Enganadores da Morte