Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pausa dramática dois ou um breve momento de suspensão!

Faz muito tempo que não volto para a sala de trabalho - desde a última apresentação!
Até o próximo ano vou fazer uma pausa, descansar o corpo e deixar tudo decantar na mente e na alma, para então retomar e tentar olhar de outra maneira o material construído.

Chamo esse tempo de pausa dramática dois ou breve momento de suspensão, ou simplesmente FÉRIAS!

Boas viradas, rodopios e um ano novo cheio de riso!
beijos

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Não é MOL

Não é MOL tirar a PEL do PESCO!

Ontem apresentei o AMOSTRA GRÁTIS em uma escola.
Sala ampla para aulas de teatro, nada de palco, luzes ou qualquer outro recurso que criasse alguma atmosfera de cena.
Olhei e pensei - é agora que vou ver o que realmente existe no trabalho!!!!

Bom, não foi minha melhor apresentação - me lembrou os momentos de público lá na minha escola, durante o processo de criação. Me pareceu tudo mais improviso do que espetáculo.
Não que isso seja ruim, mas perdeu (na minha perspectiva) aquele carácter de espetáculo, parecia tudo muito improvisado - jogado!
É...pensando bem, isso não é ruim...mas podia ter sido melhor!

Acho que conectei pouco com o meu SENTIR - talvez essa seja minha frustração quanto a ontem. O meu sentimento, o estado de INTEIREZA que não atingi na totalidade, só em alguns momentos. Era como um entrar e sair do jogo, um ver-se de fora em alguns momentos.

Mas joguei muito! Muitas coisas novas surgiram, porque eu tinha em mente antes do espetáculo, algo que minha amiga Lu me falou - "tu cria problemas mas depois foge deles, acho que tu pode aproveitar mais os problemas".
Sim, ela tem toda razão e eu consciência disso, mas juro que estou tentando lidar com isso. O problema que mais evito é com o fio dental, que busquei levar a fundo nessa apresentação. Sabe que até curti o que aconteceu! O fio ficou tão trancado entre os dentes que pedi que alguém da platéia tirasse, quando a criatura colocou a mão, fez uma cara de nojo - tava todo babado!!!! Depois, ainda o amarrei na porta e bati para ver se arrancava. Gostei de fazer, mas ainda me incomodo com a idéia de falsidade que esse número pode conter. Sabe "aquela coisa de palhacinho enrolado num fio", se emaranhando de propósito?
Como se emaranhar de fato? Como sair disso para dar sequencia ao espetáculo? Algumas respostas já tenho, mas ainda não são suficientes.

A Lu também disse que poderia ser mais destruidora (Barbie Destruidora!!!), ontem me puxei, quase não sobrou cenário - gostei disso. A voz ainda é uma incógnita para mim, preciso descobrir a medida, o tom...(jobim!). Ai, ai!!! Tô infâme hoje!

Aconteceu algo hilário, que num primeiro momento me assustou, depois achei muito engraçado e brinquei com o fato: UMA PESSOA DO PÚBLICO DORMIU durante a peça!!! Incrível!!! O que poderia ter me destruído ou causado constrangimento virou jogo, algumas coisas eu fazia bem baixinho ou devagar para não acordar a figura! Por sorte o sono foi breve!

Coisas novas: a revista rasgou-se milhares de vezes até que eu realmente conseguir pegar! A camisinha grudou nas minhas costas, o Ricardo perdeu o casaco, e eu consegui nadar deitada em cima do público que eu levei para cama no final.


Pensando bem, NÃO É MOL TIRAR A PEL DO PESCO...mas o PESCO PODE SER BEM DOCE!!!!

Obrigada a todos que possibilitaram minha apresentação ontem e que estiveram assistindo o espetáculo!
Beijos

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Um mundo...

Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo em minha vida...
Não to conseguindo parar.
Mas preciso registrar o último espetáculo: terça-feira, dia 23 de novembro na Sala Álvaro Moreyra.
Foi lindo!
Meu foco era SENTIR...
A idéia era poder sentir, conectar mais fundo com meu "mundo interior", deixar as coisas me tocarem mais - as ações de cena, a platéia.
Diferente do jogo, da conexão com o público, eu queria experimentar o TEMPO - de espera, de olhar e de escutar... Coisas que conversei com meu amigo Ítalo.
Neste dia, a platéia foi composta por GRANDES amigos, pessoas que passaram por minha vida em diferentes épocas e lugares - um mais querido que o outro. Colegas da graduação, meu orientador de mestrado, colegas de início de teatro em Porto Alegre, alguns desconhecidos, mãe de aluno...
Uma surpresa maior que a outra!
Alguns nunca imaginei que apareceriam, ME SENTI HONRADA, querida, feliz...
O terceiro dia de espetáculo fechou com a estrutura completa, com o jogo e com o sentir.
Saldo mais que positivo!!!
Agora é a hora de começar a avançar em algumas coisas, voltar para a sala de trabalho para retomar, explorar...ar, ar, ar!
Lembrei de uma frase do Avner, acho que ele chama de os mandamentos do palhaço:

1. A função do palhaço é a de fazer público sentir emoções e respirar.
2. Todos inspiram, mas muitos de nós devem ser lembrados de expirar.


LU obrigada pelas dicas preciosas, cada uma delas foi um presente que vou cuidar com carinho.
Amigos, mais uma vez, muito obrigada pela presença e pelos olhares generosos, e sim obrigada pelos SORRISOS ESCANCARADOS!!!!!
Beijos

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pensando em mais coisas...

Ando lendo muitos textos sobre a arte do palhaço, mas adianto que tenho uma predileção pela maneira como o Ricardo Puccetti escreve - tudo aquilo que parece confuso aparece de forma clara na escrita dele.
Mas enfim, a última coisa que li me deixou "com uma pulga atrás da orelha", era algo que ele havia dito na oficina e que por alguma razão eu deletei e agora vem a tona.
Segue aí uma parte do texto:



Esta entrada contém em si todos os elementos que um espetáculo de clown, no meu modo de ver, deve possuir: a apresentação do clown; a relação direta e verdadeira com cada pessoa do público; e a transformação deste mesmo público pelo riso e pelo saborear dos mais distintos sentimentos. (Puccetti. Caiu na rede é riso, p. 89. Revista do Lume)


As três táticas têm o mesmo efeito: quando estes clowns aparecem o público gosta deles e quer que eles continuem em cena. Entretanto, apesar dos diferentes modos, basicamente todos obedecem a uma mesma estrutura: entram, e é como se jogassem uma isca, com a qual vão fisgar alguém da platéia e, através deste primeiro contato, vão ampliando sua relação, estendendo-a para as demais pessoas, como se as envolvessem numa rede. A imagem da isca e da rede de pesca ilustra muito bem a situação.
(Puccetti. Caiu na rede é riso, p. 90. Revista do Lume)


Fiquei então pensando, qual a minha tática inicial, para "fisgar" o público, afinal começo meu espetáculo dormindo, sem nenhuma ação direta, olho-no-olho com a platéia.
Acho, no caso do AMOSTRA GRÁTIS, que isso acontece em doses homeopáticas, conforme vou desencadeando cada ação junto ao público. Por enquanto, a maneira que encontrei é essa, deixando me verem...só!
Mas buscarei novas formas para isso!!!!

Beijos

Amanhã tem AMOSTRA GRÁTIS
No mesmo bat-local e bat-horário!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tentando entender

Tava relendo meus relatos de apresentação...
E fiquei tentando entender qual a diferença entre, o riso contido da minha primeira platéia, para o riso contido da segunda platéia.
Acredito que basicamente a minha percepção.
Na primeira apresentação minha preocupação era  realizar o espetáculo, dar conta de tudo o que tinha feito, manter a estrutura, já na segunda apresentação meu enfoque era jogar, jogar, jogar.
E com essa nova intensão, redimensionei a cena, assim como minha relação com o público pois, de fato, na segunda vez consegui olhar com calma, perceber, curtir...
E, de certa forma, acredito que, se eu estava mais aberta para ver e compreender o público acabo por construir um elo mais forte com o mesmo.
Acho que é isso - no momento!


“A relação com o público também é um fator que permite ao clown crescer sempre, mudar e até se contradizer. Quando o clown está inteiro na relação com ele mesmo, conectado com seus impulsos e sensações, e também pleno na relação com o público, neste momento, os dois lados estão em transformação, ninguém é mais o mesmo. (PUCCETTI, O clown através da máscara. Revista do Lume)

Felicidade GRÁTIS ou relato da segunda apresentação

Ontem foi meu segundo dia de espetáculo oficial.
Foi MUITO, MUITO bom!
Estou feliz com o resultado.
Me senti ligada ao público, conectada, não dependente dele. Era como um jogo de cumplicidade e reciprocidade. O riso era contido, mas não me apavorou, porque estava em relação o tempo todo. Eu estava aberta para isso.
Foi um daqueles momentos em fazer teatro é algo mágico e significativo.É isso que eu quero para mim e para o público - sempre!
Consegui executar meu roteiro de ações e brincar com tudo o que apareceu pela frente.
Ainda preciso trabalhar com os números finais, deixar mais precisos. Preciso aproveitar mais cada situação que eu proponho.
Meu público era composto por 7 pessoas, 4 homens e 3 mulheres - com olhares companheiros, generosos e atentos ao jogo!
Obrigada a todos!
Em especial aos meus companheiros de trabalho Pablo e Ítalo.
Um grande abraço ao Ricardo Bolognese meu colega de cena que foi exemplar!
E ao meu primeiro público fiel, Ronaldo (eu acho que é esse o nome!) que veio pela segunda vez assistir a minha AMOSTRA GRÁTIS!
Beijos


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Hoje

Hoje terei a segunda chance de reapresentação do meu trabalho.
Meu foco será no jogo, no prazer e no divertimento na cena.
Isso não significa falta de cuidado com o material já construído, mas sim uma busca para torná-lo mais orgânico, uma tentativa para recuperar a energia e a vivacidade do momento de criação que, por vezes, ficam escondidos atrás da estrutura.

Até mais!
Beijos

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mais uma chance!

Na verdade, mais duas!!!!!
Acabo de saber que, terei mais dois dias no teatro para reapresentar meu trabalho!
Mais duas chances de buscar minha INTEIREZA!

Há algo de cósmico, abrindo espaço para mim!!!
Vou aproveitar!
Valeu Pablito, que acionou o cosmos!!!
Beijos

Ops.: Não posso finalizar essa postagem sem fazer a propaganda:


AMOSTRA GRÁTIS
Dias 16 e 23 de novembro - terças-feiras
Sala Álvaro Moreyra
20:00
Porque dá pra perder a cabeça!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

NASCEU!

Enfim, nasceu o pequenino!
A estréia foi nessa terça-feira dia 09 de novembro...
Bom, o que dizer:

Primeiro - a única coisa que não poderia acontecer, aconteceu e eu não estava preparada.
Me virei, mas me abalei!
Segundo - foi tudo direitinho, mas podia muito mais. Eu queria muito mais!

Mas como dizem minhas amigas - sou muito crítica com meu trabalho - "é só ler teu blog Ana"!
Então vou fazer duas análises, a primeira versão SUPER SINCERA e a segunda uma versão POLIANA!
Antes de tudo, cabe um pequeno relato. O espetáculo trata da história de uma palhaça que compra um companheiro por catálogo. Quando o companheiro (um boneco de 1,80 m) chega ela faz milhares de coisas com ele até que, arranca, aos beijos, a cabeça dele. Com isso vem tentativas de reanimação, um velório e por fim a escolha de outro companheiro no público - para fazer tudo novamente e se possível, um pouco mais!!!
Bom, o que aconteceu (e que não poderia acontecer)  é que a cabeça do boneco caiu na primeira cena e, tive que me virar para sustentar a maior parte dos números com uma cabeça bamba.
Deu para ajeitar um pouquinho, mas confesso que fiquei muito frustrada com o resultado.
Então, vamos ás análises!

Análise SUPER SINCERA
Fui cedo para o teatro depois de uma banho de chuva...
Tudo bem, estava animada apesar do medo.
Ajeitamos tudo (eu e Pablito) e consegui fazer dois ensaios para marcar luz e som.
Antes de iniciar resolvi rever a cabeça para que tudo ficasse certo - algo me dizia que ela poderia me surpreender. Recolei com fita. Tudo ok!
Fui para cena.
O público era contido, mas composto por amigos MUITO, MUITO queridos.
Durante o jogo lembrei da minha amiga Cacá dizendo, sobre o texto do Peter Broock de não ser refém do riso!!!! Lembrei do Ricardo dizendo " não fica insistindo naquele olhar mais fechado! Não precisamos ter a gargalhada o tempo todo!". Isso tudo passou em questão de segundos na minha cabeça! Loucura!
Confesso que prefiro o riso frouxo ao sorriso! Gosto da gargalhada, ela me deixa segura. Mas eu estava curtindo, gostando de estar lá, então não me preocupei.
Eis que meu excelentíssimo colega de cena me deixa na mão! A cabeça cai no ínício do espetáculo e não no final como o previsto, o que fez com que eu tivesse que fazer a maior parte dos números de forma tímida.
SIM, SIM, SIM - eu sei que eu devo aproveitar tudo! Que o imprevisto pode se tornar o grande jogo do momento...mas eu queria tanto poder realizar aquelas ações que eu havia preparado...
To me sentindo uma "menininha mimada" relatando isso!!!! eu quero, eu quero, eu quero!!!!
Mas foi o que senti, e me propus a ser sincera neste blog e, neste momento, SUPER SINCERA.
Eu consegui jogar mas não era aquele estado extremamente forte, alterado, prazeroso, no qual tudo vale!
Também não tenho certeza sobre a impressão da platéia - lembrei novamente do Ricardo Puccetti dizendo que a gente precisa educar nosso olhar e nossa percepção, para entender a platéia e como ela reage diante do nosso trabalho. Não é fácil!
Resumo da ópera - tenho estrutura, falta jogo!

Análise POLIANA
Tudo é aprendizado!
Como acabou de dizer meu amigo Rafael - "tu deve ter aprendido muito"
Bah! Respondi!
Aprendi mesmo! Agora tenho no mínimo três formas de resolver a possível repetição desse problema. Formas que espero não sejam necessárias, mas que, se forem precisas, pretendo utilizá-las de maneira divertida.
Sim, acabo de aceitar o fato que posso me divertir e sair completamente do previsto! Isso faz parte e é extremamente necessário (é o básico!). Viva a estrutura que eu consegui criar, mas VIVA tudo o que eu posso fazer com ela e além dela!!! Vou apostar no jogo!
Continuo aproveitando pouco as situações mas estou mais tranquila! Fiquei tranquila até quando não me senti inteira dentro do jogo!
Consegui mesmo na frustração manter o roteiro que tinha proposto.
No´final a platéia toda veio me cumprimentar - isso deve ser um bom sinal!
E eram 35 no total!!!! Isso é uma façanha para uma noite de chuva de terça-feira em Porto Alegre. Tá certo que a platéia, na maior parte, era composta por amiguinhos, mas tinham umas 15 pessoas que eu nunca vi na vida e vieram com muito sorrisos e abraços! Bom!!! Poderiam ter simplemente ido embora, quietinhos!
Meus queridos amigos deram ótimos retornos, mas principalmente ótimos abraços! Eu estava com saudades deles e não os via há muito tempo.
Os olhinhos do meu filho brilhavam! Adorei!
Mas o que mais curti na verdade foi o final!!!! Não pelo fato de ser o fim, mas porque após a morte do meu companheiro de cena, arrumei fácil outro na platéia e foi muito divertido - acabei na cama (não com Madona) com o público! Com direito a medir parte do corpo e  fazer e ganhar massagem. Sim, eu tenho consciência que poderia ter explorado mais, mas não fiquei frustrada com isso, sei que é uma caminhada! Olha que POLIANA isso!

Entre mortos e feridos - sobrevivi! Depois dessa análise, talvez melhor do que imaginei.
Estou feliz com a experiência!
Estou esperando a próxima oportunidade para apresentar  novamente o trabalho!
Quero sim poder refazer muitas vezes, me redescobrir e construir o espaço certo para me colocar e me sentir inteira!
Beijos

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Amanhã

É AMANHÃ!
Sim, passou rápido, muito rápido!
Amanhã às 20:00 na Sala Álvaro Moreyra - AMOSTRA GRÁTIS

Meus sentimentos são uma gangorra! Pior que hormônio feminino!
Por vezes tudo está misturado: euforia, medo, alegria, pavor...
Sonho com palhaços seguidamente!
Essa noite foi a farra deles, mas lembro somente de uma dupla.
Acho que estava completamente envolvida com o I CLOWNS do Fellini que assisti antes de dormir. Lindo!

Fiquei pensando muito na minha última experiência, um tanto quanto desastrosa, mas pensando muito, muito, lá no fundo, ela não foi tão desastrosa, porque afinal foram 2 horas de jogo e trabalho direto com o público. Não foi o dos melhores, mas foi...
Por vezes é preciso ver "flores em você", ou em mim mesma!!!!
beijos

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Chorando no cantinho

Hoje tive vontade de chorar, quietinha num cantinho.
Desde meu último trabalho ("primeiro experimento inteiro"), sexta-feira passada, não entrei mais em sala para ensaiar. Vários foram os motivos para eu não ter trabalhado neste espaço de tempo, mas que não justificam não ter tentado. Pura irresponsabilidade.
Resultado: corpo, mente e jogo fora de forma.
No alongamento já senti os sinais de uma semana parada. Não consegui fazer o básico que eu já fazia tranquilamente.
Tentei aquecer e, a essa altura, a sala já tava repleta de aluninhos querendo ver a performance da profe...
Comecei o trabalho, fiz de tudo, menos o roteiro que eu já tinha estabelecido.
Meu sentimento oscilava, entre a satisfação de estar jogando com coisas novas e o desespero de não estar conseguindo retomar o trabalho já construído. E, nesse espaço, entre um sentimento e outro eu conseguia me ver e olhar para a platéia com aquela carinha de -"Vai! Faz aquilo que tu fez outro dia para nós!"
Arranquei pequenos sorrisos, sinceros, mas que eu sentia que esperavam mais. Eu esperava mais! Onde estava aquele sentimento de totalidade de "inteireza" dentro da cena?
Agora lembrei de um texto que li do Ricardo Puccetti que falava sobre ir ao extremos senão o público não acredita. Vou procurar e coloco aqui depois!
Descobri coisas legais, conseguia jogar com os acontecimentos da sala, mas não conseguia lincar com o trabalho que já tinha e quando conseguia, perdia o tempo, ficava arrastado demais. Consegui arrumar problemas com todos os objetos de cena que eu usei, mas não consegui aproveitar muito, eu me aborrecia com isso. Tudo parecia meio empacado.
O estado de jogo tava baixo, muito baixo, fora do tempo como se eu não tivesse energia para me concentrar, para brincar...pior eu brincava sim, me auto-analizando! Péssimo!
Eu sei que é preciso se abrir e aproveitar o que acontece fora, para trazer esses elementos para o meu mundo - lembrei de outro texto do Puccetti, depois coloco aqui.
Mas tudo o que eu conseguia era me incomodar com o que acontecia fora. Agora vejo que, talvez eu estivesse muito ansiosa para repetir a experiência anterior ou, eu tava esperando que tudo saísse tal qual minha imaginação previa, ou pior, eu não consegui criar naquele momento o mundo da minha palhaça. Enfim... foi difícil!

Até o momento já compreendi que meu trabalho depende do público para alcançar o estado de jogo, mas hoje ficou claro que a presença do público não garante o estado de jogo! Ai, que perigo!

Por sorte, meu público é fiel e amoroso e não me abandonou, ficou ali esperando eu retomar e quem sabe acertar o compasso. Analisando agora o problema era algo que envolvia estado de jogo e tempo de cena. lembro do Ricardo Puccetti falar sobre isso na oficina, "as vezes é uma questão de segundos que a gente passa do tempo".
Retomei, comecei a pegar o "pique" (pensei, bah consegui!) e o boneco se desmontou sozinho na coxia, a cabeça caiu, simplesmente caiu!. Eu não podia acreditar!
Brinquei um pouco com a situação, mas eu queria poder retomar o espetáculo... Afinal daqui a 4 dias eu estréio!
AI QUE MEDO!!!

Resumo da Ópera, recomecei umas três vezes, no final, consegui repassar a proposta do roteiro, com MUITAS alterações (é claro!), mas sem aquele sentimento de que é possivel fazer com tranquilidade e alegria.
AI QUE MEDO! Um balde de insegurança caiu na minha cabeça!
Mais tarde sigo contando minha saga!
Beijos aos que me acompanham!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

E o palhaço o que é?

Tenho pensado muito sobre as características da minha palhaça - o que ela é?
Qual a lógica que conduz minhas ações quando porto o nariz?
Cabe aqui revelar que, por vezes, me pergunto - será que tenho uma palhaça? Será que sou uma palhaça?
Bom, questões complexas que não pretendo responder aqui...até porque tenho medo das possíveis respostas!
Mas enfim, antes que questões complexas acabem por me paralisar, sigo pensando no meu trabalho, e trabalhando muito, mesmo que os pensamentos sejam confusos!
 
Fiquei, então pensando em algumas características que se repetem de maneira espontânea no meu jogo:
Charme - sou metida a charmosa, pisco, rodopio, me exibo.
Altero ações delicadas com ações brutas - tá, mais brutas que delicadas!
Não aguento quando alguém ri, tenho que me divertir junto!
Meiga e querida apesar de bruta e um tanto porca!

Nossa! Só consigo reconhecer isso! Na verdade não é um reconhecimento, isso foi apontado por professores, amigos e público em geral, que vê minhas improvisações e depois comenta.
A questão do charme eu já tinha captado, mas tive que assumir com tudo durante a oficina do LUME. Nesta mesma oficina o orientador Ricardo Puccetti também chamou a atenção para o caráter bruto que as vezes tenho "uma coisa bem gaúcha", segundo ele! Mas isso ficou gritante depois da primeira experimentação que fiz do meu trabalho, no final um amigo (o Japa) olhou e disse "ela destrói tudo o que toca! Quando não destrói emporcalha!" Olhei a minha volta e realmente o cenário tava em pandarecos, flores desfolhadas, pasta de dente no chão, boneco quebrado...uuiiiii!

Tenho que prestar atenção às minhas ações e à lógica que as conduz!
Ai meu Deus, mais uma coisa para pensar, observar, compreender!!!!! Vamos lá!
Não tá morto quem peleia!
Segue um trecho do livro A ARTE DE ATOR do Luís Otávio Burnier:

"Um avanço importante, no amadurecimento de um clown, é quando o ator encontra o modo de pensar de seu clown. É o modo de ser e pensar do clown que determina todas as suas ações e reações, sua dinâmica, seu rítmo. Não se trata de um pensar puramente racional, mas de um pensar corpóreo, muscular, físico. É o corpo que age e reage segundo a lógico do clown. É um pensar também afetivo e emotivo. Mas, sobretudo, o aspecto corpóreo desta afetividade e emocionalidade." (BURNIER, 2001, p.219)

Coisas para ficar atenta:
estado de jogo
construção das ações e do repertório
lógica das ações

Acredito que tudo isso está juntoemisturado, apesar de serem coisas distintas estão interligadas!

Estado de jogo

Continuo estudando, lendo e relendo muitas coisas sobre o clown.
Encontrei algumas definições para estado de jogo que quero deixar registrado aqui e compartilhar...com aqueles que me lêem!

"O estado de clown seria o despir-se de seus próprios estereótipos na maneira como o ator age e reage às coisas que acontecem a ele, buscando uma vulnerabilidade que revela a pessoa do ator livre de suas armaduras. É a redescoberta do prazer de fazer as coisas, do prazer de brincar, do prazer de se permitir, do prazer de simplesmente ser. É um estado de afetividade, no sentido de "ser afetado", tocado, vulnerável ao momento e às diferentes situações. É se permitir, enquanto ator e clown, surpreender-se a si próprio, não ter nada premeditado, mesmo se estiver trabalhando com uma partitura já codificada. Por isso é que, quando o clown está atuando e passa um avião, por exemplo, ele não consegue ficar alheio ao avião, ele tem que ter a capacidade de trazer o avião para dentro da sala onde está representando. O estado de clown é levar ao extremo a importância da relação, a relação consigo mesmo, o saber ouvir-se, e a relação com o "fora", o elemento externo, o parceiro, os objetos de cena, as pessoas do público"
(PUCCETTI, Ricardo. Riso em 3 tempos. Revista do LUME)

"O clown exemplifica a existência desses estados no trabalho do ator. Isso pode ser exemplificado de duas formas. Na primeira poderíamos compreender que esses estados se caracterizam por microações que, embora não sendo perceptíveis ao observador, existem no corpo do ator, ocasionando um fluxo de energia que altera a presença cotidiana e resulta numa alteração da percepção que o observador tem do ator. Uma segunda explicação poderia ser entendida como resultado da ação, nesse caso um conjunto de ações físicas provocaria como resultado o acionamento de determinadas energias cospóreo-vocais, que configurariam, então, a percepção de um estado alterado no corppo do ator."
(ICLE, Gilberto. Ator como Xamã. São Paulo: Perspectiva, 2006)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Primeiro experimento INTEIRO

Hoje fiz meu primeiro ensaio aberto, tentando recuperar toda a estrutura do espetáculo.
Quando eu vi a sala estava repleta de crianças - não é um espetáculo para crianças!
Enfim, ficaram!!!!!
Consegui passar todo meu roteiro.

Coisas que me desagradaram: aproveito pouco cada situação, faço rapidamente cada uma das grandes ações sem aproveitar o detalhe. Tá tudo muito sujo AINDA!
Ana, é preciso retomar sempre  - O IMPORTANTE É O COMO NÃO O QUÊ!
Minha amiga Cacá deu uma série de sugestões de COMO aproveitar alguns momentos extremamente importantes! Sugestões aceitas e anotadas, semana que vem vou trabalhar com elas.
Continuo com o problema de fazer as coisas sem calma, rapidamente, sem curtir! Fico muito descompensada durante o jogo!!!!!!

Coisas que adorei: o estado de jogo! Sim, eu conquistei o estado de jogo durante toda a apresentação. Sim, ainda dependo do público para atingir essa energia.
Outra coisa que adorei: percebi que o espetáculo tem uma curva dramática - ele cresce, começa em um estado e termina em outro. Acho que consigo trazer o público para o meu mundo!
Adorei finalizar com a participação do público.

Coisas que ainda me preocupam: será que conseguirei realizar as ações com mais calma e qualidade até a apresentação?
Ufas...
To cansada! Ainda tenho a tarde de aula! Mas amanhã vem feriado!
Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mais um dia de trabalho

Solita total na sala preta.
Sou feliz assim, mas sinto falta de gente - muita gente!
A falta de público transforma minhas ações em meros comportamentos mecânicos - não há retorno algum.
Não há respostas. Só perguntas!
A cabeça domina a ação mais que o corpo. Algumas vezes consigo me deixar envolver pelo jogo e novas possibilidades de ação surgem. Mente e corpo conectados.
Mas na maioria dos momentos tudo é muito seco e mecânico, sem vida.
Sinto falta da energia que o contato com a platéia dá.
Esta sendo assim durante toda essa semana.
Será que um dia conseguirei o estado de jogo, sozinha? Alcançar essa energia sem ninguém para interagir? Somente a partir do imaginário, músicas e objetos...

Espero que sim! Porque acredito que a chave da criatividade está no estado de jogo, nessa interação entre corpo e mente que agem juntos - brincando, descobrindo, revelando-se!

Bom, comecei hoje o trabalho reestruturando aquele roteiro inicial e anotando todas as micro-ações que eu lembrava ter construído durante todo minha busca por autonomia criativa.
Iniciei partindo do geral para o detalhe:
Cena Acordar
* posições na cama
* coçar a bunda
* mosquito
* sonho erótico
* acordar.

Fiz isso com todas as cenas até mesmo aquelas que nunca tinha experimentado.
Fui para a sala para desenvolver a cena do Strep-tease (é assim que se escreve?), retomadas de ações programadas, milhares de trocas de música...
Ainda não encontrei a música ideal!
Apareceram coisas novas que curti como, o ciúmes do olhar do boneco para a platéia (surgiu enquanto eu fazia o clássico de lamber a orelha dele) e a imitação de animais durante a sedução.
Consegui incluir coisas já construídas em outros tempos, nas oficinas ou outras improvisações - chupar o nariz do boneco, perder o casaco durante a dança e encolher e soltar a barriga.
Agora é ver como fica tudo isso frente ao público.
Amanhã já vou experimentar com meus alunos, queridas cobais de um processo querido!
Segue o barco!!!!
Beijos na orelha!!!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Agora não tem volta!!!

Chegou o momento do pavor!
No máximo tenho conseguido repetir algumas coisas: a dança, o acordar, a dança...o acordar!

Preciso construir novas cenas, o tempo passa e eu corro como uma barata tonta sem produzir nada concreto!
Tenho me dispersado com fotografias e divulgação (que to achando um barato)!
Tenho que me disciplinar e voltar ao trabalho.
Não posso esquecer de realizar as ações com calma e buscar sempre o estado de jogo!
Mas estado de jogo sem público parece uma coisa impossível.
Não posso esquecer de sentir mais do que querer fazer...
Tenho que tentar sentir. 

Hoje só repeti - mais uma vez!
Amanhã cena nova - eu espero!
Agora não tem volta, dia 09 sai o trabalho de qualquer jeito!
Espero que de um BÃO JEITO!

Porque loucura pouca é bobagem!!!!




Adorei brincar de book fotográfico e fazer divulgação virtual!

Cometi um erro absurdo...de grafia...e só me dei conta depois de enviar o convite para milhares de pessoas e de postar o folder no orkut e facebook!
Descubra os sete erros - quem puder!
Mas primeiro encontre o folder antigo, porque este já está corrigido!!!!
Coisas de palhaça!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ensaio fotográfico - by Maurício Rocha!

"beija eu, beija eu!!!"












"Vejo flores em você!"

Sonho louco

Tenho sonhado com coisas muito estranhas!!!!!
O último foi essa noite!
Sonhei com uma palhaça mais velha de cabelos brancos, as vezes eram vermelhos - coisas de sonhos!
Ela era estrangeira e nós estávamos em um teatro, para mostrar a ela nosso material - eu e outras pessoas que não reconheci.
Ela ficava me olhando, não fiz nenhum dos meus números para ela, só tinha a sensação de que não deveria fazer, só "estar".
Ela mostrou um número inteiro e dizia - "tenha brinquedos de criança"!
Então chegou com um carrinho verde de plástico que parecia um aspirador de pó e tirou dois objetos também verdes (coisas de sonho)  que pareciam dois ferros de passar roupa com ventosas. Envergonhada, a palhaça se encostou na parede e acabou grudada, daí seguiu-se uma série de desventuras para tentar se grudar.
Na sequência ela chegou perto de mim com uma fita métrica e mediu minha coxa. Disse "tu tem que aproveitar a falta de proporcionalidade que teu corpo tem na parte de baixo em relação a parte de cima!"
Mostrei meu maiô vermelho!
Acordei!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Alguém anotou a placa?

A tarde mais uma horinha de trabalho...
Meu corpictho tá acabado - o que faz uma pausa dramática!
Parece que um trator passou por cima de mim!!!
Mas tá rendendo - aos poquinhos - mas tá!
Hoje a tarde trabalhei só com o Ricardo (boneco), dançando, caminhando, beijando (óbvio), explorando todas as possibilidades de movimento.
Não entrei no jogo, simplesmente explorei coisas - e só!
Consegui encontrar o tempo de empurrar e segurar com o pé, fazendo o boneco voltar pra mim - uau!!!
Beijos

Coisas incríveis continuam acontecendo!

 Dia 25 de outubro de 2010.

Pois se é loucura, coragem ou qualquer coisa, não sei!
Só sei que coisas incríveis acontecem quando se está trabalhando.
Até mesmo após uma pausa dramática
Um teatro chegou até mim!!!!
Juro que não procurei, não busquei nada! Quando eu vi, apareceu!
E ninguém se pronunciou contra!
Pois se é loucura, coragem ou qualquer coisa, não sei!
Eu já disse SIIIIMMMM.
Compromisso assumido! É preciso correr atrás do trabalho! Porque o tempo corre!

Entrei em sala para trabalhar ás 10:45.
Como eu previa, não foi fácil!
A primeira meia hora doeu! Confesso que não foi fácil trabalhar totalmente sozinha, sem público, sem um olhar de retorno... Só aquilo que eu podia sentir...Por vezes não sentia nada e era como se estivesse completamente perdida.
Comecei com o básico, tentei me boicotar parando várias vezes.
Meu propósito era trabalhar a cena da dança.
Respirei fundo e comecei com aquilo que já conhecia mas que não dominava bem: virar o boneco com o auxílio do corpo e jogar com o "olhar e ser olhada".
Na sequencia comecei a explorar a dança ao som de "Volare".
Dancei várias vezes, algumas coisas ficaram registradas, outras não!
Se no começo minha mente permanecia o tempo todo me dando ordens, ao final do trabalho consegui me envolver no jogo. Brinquei, descobri algumas coisas novas, como o tapa que eu levo da jaqueta de couro durante a dança.
Como diz meu querido professor "é preciso repetir e ver o que realmente fica" (mais ou menos isso!)
Hoje a tarde retomarei novamente o trabalho - para ver o que ficou!
Sigo trabalhando!

Agora

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

SIMMMMMMM

Acabo de assumir: sou completamente descompensada!
Fora da casinha!
Sem noção!
Me ofereceram uma data em um teatro, para apresentar o material que já tenho da Dona Generosa...
Eu disse SIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM
Detalhe: é mês que vem.

Ainda dá tempo de dizer não, mas acho que não consigo!
Por favor, digam alguma coisa! Me mandem descansar, controlar a pressão, fazer exames médicos...me mantem a PQP! Qualquer coisa! Me impeçam dessa loucura! Não consigo me conter!
É sedutor demais, é adrenalina demais...
Tchau! Fui pra sala de trabalho!
Beijos


Auto-combinação

Por conta da minha PAUSA MAIS QUE DRAMÁTICA já fazem 13 dias que não trabalho minha palhaça!
Tempo demais...
Juro que penso nela diariamente, procuro músicas, planejo coisas, mas não é isso que quero fazer. Quero dançar, me contorcer, preparar meus números.
O Ricardo(boneco) tá com saudades!!!!
Tem um festival por aí e vou tentar me increver. Quem sabe?
Preciso colocar minha roupinha de trabalho e entrar em sala urgente.
Auto-combinação: na próxima semana trabalharei com a Dona Generosa todos os dias. Terei tempo. Tenho vontade!
Que medo...
Retomar depois desse tempo todo com certeza não será fácil.
A quebra da disciplina parece fragilizar tudo...

"Disciplina é liberdade!"
     Legião Urbana

Beijos a quem me lê!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pausa dramática

Depois dessa overdose de sensações e de trabalho cai doente!
Pressão alta...altíssima...hospital, remedinho e tudo mais!
Mas "não tá morto quem peleia"!
Momento de uma PAUSA DRAMÁTICA!

Volto logo!
Bjs

Coisas incríveis acontecem - parte 2

Coisas incríveis seguem acontecendo quando a gente segue trabalhando!
Momento dois -  o público.
Pablo e Malu, nossos monitores de teatro e meus “olhos exteriores” chegaram do almoço, perguntei se queriam ver o que eu tinha descoberto. SIM!
Chegaram os alunos, perguntei se queriam assistir e se o professor autorizava mostrar o material. SIM!
Lá fui para o público!
Começo recebendo as pessoas, deitada fazendo pose e dizendo AINDA NÃO COMEÇOU!
Começou!
Fiz tudo o que tinha ensaiado e mais um pouco.
Experimentei aquele estado de jogo alteradíssimo extremamente forte. Consegui aproveitar todo meu material desenvolvido no ensaio e experimentar coisas de jogo com o público.
Coisas que apareceram durante a apresentação:
me esconder embaixo do lençol com o Ricardo, fazer meditação, dizer NÂO ACONTECEU NADA! Ricardo perde a cabeça, entro em desespero e agarro a cabeça forte contra o peito, olho para o público e faço dois beijinhos – um em cada peito!
Coisas que funcionaram muito:
A dança com o Ricardo, os beijos, a coxiadinha, o laque, o esconder-se embaixo do lençol, a morte do Ricardo e os beijos nos peitos.
Não sabia finalizar, simplesmente disse fim....
Mais meia hora de trabalho!
Resumindo uma hora e meia de puro trabalho. Saí com a energia descontrolada, não sabia o que fazer, se arrumava as coisas, se corria embora...
Fiquei muito feliz!
Meu trabalho está se desenvolvendo.
Sigo o barco.

Coisas incríveis acontecem - parte 1

Coisas incríveis acontecem quando se está trabalhando em busca de algo.
Meu último encontro comigo, para variar foi lotado de gente!
Tudo começou assim:
12:15 coloquei a roupa de trabalho. Estava cansada, mas este é um estado permanente em mim ultimamente. Ítalo veio trabalhar comigo.
Alonguei com toda a calma do mundo. Aqueci buscando prazer e divertimento. Suei.
Resolvi me dedicar neste dia somente ao primeiro momento do roteiro que criei – O ACORDAR.
Comecei simples, deitada, experimentei várias maneiras de deitar, repeti coisas que gostei da última vez, revirei, revirei, a música sugeriu um mosquito, do mosquito para o sonho. Um sonho erótico divertido que me acorda e faz dar de cara com o público.
Achei uma maneira de acordar.
Levantei, arrumei a cama. Joguei o lençol e ele caiu direitinho no banco. Repeti várias vezes até cair no chão.
Achei outro jogo.
Vou escovar os dentes. A nécessaire abre e fecha sozinha, brinco com isso até cair de dentro a escova e a pasta de dente. Coloco pasta que cai no dedo do meio. Escovo com o dedo e o dedo do meio fica sujo de pasta. Mostro para a plateia – Ítalo e Ricardo (boneco)
Achei outro jogo.
Pego o fio dental, tiro um pedaço muito grande, enrolo no corpo e faço passar por entre os dentes – não gosto muito disso, mas também não me importo. O fio tranca no meu dente, puxo e transformo em corda de violão. Gosto do que acontece e coloco mais um pouco de fio em outro dente, toco dois acordes. Coloco mais um fio entre os dentes e toco guitarra enlouquecida com isso. Tiro o fio mas demora para eu conseguir jogar fora.
Achei outro jogo!
Uso a escova para me pentear – a escova de dentes.
Passo o laque no cabelo dizendo FIXA, FIXA, FIXA. Passo no suvaco. Braço fixa. Tiro com o pé!
Achei outro jogo que não acho lá muito interessante mas não me importo – é mais material.
AH! Durante isso tudo passo várias vezes no buque de flores e cheiro com muito gosto!
Vou brincar com o Ricardo. Faço as coisas de sempre, mas descubro um movimento de dança, em que ele e eu viramos juntos tipo uma salsa.
Achei novo jogo – gostei.
Volto para o boneco, vou beijar e sinto mau-hálito escovo os dentes – sugestão do Ítalo.
Resolvo deixar o Ricardo de lado e voltar para a ação de ACORDAR.
Me deparo com o professor de música na porta, já eram 13:25...
MEU DEUS!!!!!! EU TRABALHEI UMA HORA INTEIRINHA SEM SENTIR!!!!!
Com prazer, com estado de jogo e buscando limpar minhas ações! Tudo o que eu queria!
Mas a melhor parte ainda está por chegar!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Coisas

Estou ansiosa para trabalhar amanhã...
Postei algumas fotos do encontro com o público...
Pena que ficaram escuras...(preciso aprender a cuidar dos registros!)

Estou relendo A ARTE DE ATOR.

Me sinto um tanto boba ou sem embasamento teórico para dar conta da minha prática!
Azar!
Seguirei trabalhando, lendo e buscando recursos para o desenvolvimento do meu trabalho.

Com boa vontade!

Com muita, muita, muita boa vontade dá pra ver!!!!
Bjs


















Eu Ricardo, alguns amigos e a ESCURIDÃO!!!!!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pensando...

Sigo pensando muito sobre meu processo de busca para a construção de um trabalho autonomo.
Consegui trabalhar sozinha uma única vez, as demais sempre foram acompanhadas por algum colega na cena ou na platéia.
Até que ponto isso configura autonomia?
Até que ponto me escondo de um encontro real comigo estando sempre acomphada? Até que ponto me encontro estando acompanhada durante o trabalho?
Uma coisa é fato - sem querer me justificar - a presença de outras pessoas durante o trabalho me coloca num estado de obrigação de que algo aconteça - isso é bom - não desisto tão fácil!
Mas fico naquela dúvida do que realmente é possível construir sozinha. Sem público, sem colegas de trabalho.
Vou buscar momentos para experimentar as duas coisas - sozinha e acompanhada!
Meu foco continua nas dois pontos - estado de jogo e tranquilidade para experimentar as ações que proponho no meu roteiro!

Retomei alguma bibliografia para ajudar a orientar meus passos!
Sigo o barco!
Lutando contra os meus limites!
Quem é maior?
Espero que minha vontade!
Bjs a quem me ler!

Encontro marcado!

Dia 28 de setembro de 2010

11:30 Lembrei que tinha um encontro marcado - comigo!
Fiquei com vontade de me dar o bolo!
Isso se chama auto-boicote!
Resisto - apesar do sono, do cansaço e da fome!

12:25 Coloquei a roupinha de trabalho!
Levei o Ricardo (boneco) para a sala!
Liguei o som e comecei a me alongar.
Meu amigo Ítalo veio trabalhar junto.
Conforme fui me alongando me deparava com o Ricardo, inerte me olhando. Várias vezes comentei com ele algumas coisas sobre o que estava fazendo.
Me dei conta que estava trabalhjando com a idéia de platéia, o que me ajudava muito a olhar para fora, manter o olho vivo. Da mesma forma possibilitava que eu colocasse para fora o que mentalmente acontecia.
Aquecemos trabalhando com a RAÍZ e articulaçoes.
Dançamos. Cada um sozinho buscando o seu trabalho.
Mentalmente elaborava algumas regras - dançar com a barriga, com os joelhos, cabeça e bunda...
Deixei de me coordenar e me entreguei para a música. Extrapolei
SUEI MUITO!
Percebi que duas alunas espiavam o trabalho pela porta.
(em tempo - desenvolvo o trabalho na escola no horário do meio dia)
Convidei-as para entrar.
Tudo se tranformou em jogo!
Por vezes eu e o Ítalo estávamos bem conectados, por outras simplesmente experimentávamos coisas. Algum momentos não fazia a mínima idéia do que ele tava propondo e acho que ele também não imaginava qual era a minha!!!!!
Mas não foi problemático, porque era jogo puro, sem a intervenção consciente de algo maior que coordena o trabalho, de uma consciência que predomina e arquiteta a ação a ser feita.
Corpo e mente agiam conforme a situação.
ESTADO DE JOGO!
No final tive certeza que consegui experimentarf o estado de jogo, nao aquele estado extremamente excitado, enlouquecedor, mas um estado de jogo e entrega tranquilo.
Curti muito!

Tinha me proposto a buscar o estado de jogo e o cuidado com as ações. A primeira consegui trabalhar. Quantas vezes consiguerei recuperar não sei, mas posso dizer que a mudança de rítmo para mim ajuda. SUAR me leva a JOGAR!

Obrigada Ítalo pela parceria de trabalho!
Obrigada Brenda e Carol pelos sorrisos amigos e generosos que possibilitaram o jogo! E valeu pelos registros - Brenda to esperando as fotos!

domingo, 26 de setembro de 2010

E agora José?

Domingo, 26 de setembro de 2010.

Fiz um relato imenso da minha primeira experiência com o público e o roteiro de trabalho que elaborei.
Sei que devo resumir ao máximo, porque ninguém (em sã consciência) irá ler tudo aquilo. Mas não consigo deletar uma palavra. Resolvo deixar!!!!
Fico matutanto coisas sobre essa primeira experiência ...

Basicamente, senti falta de estar tomada pelo estado de jogo. Sabe aquele sentimento de envolvimento e êxtase total, em que mente e corpo estão completamente em sintonia e tudo parece fluir?!
Tenho milhares de coisas para trabalhar, mas decidi me concentrar em dois focos: buscar esse envolvimento total no jogo (estar inteira, presente e sentir prazer durante o trabalho) e tentar realizar minhas ações tranquilamente, menos ansiosa, aproveitando cada acontecimento.
O primeiro me parece mais difícil, encontrar o estado de jogo, vou investir no trabalho corporal e nas energias (suar, suar, suar, colocar corpo/mente a disposição). Para buscar as ações mais tranquilas e menos ansiosas vou tentar realizar o que me propus no roteiro sem questionar se é engraçado ou coisa do tipo.
O que vai pegar é, com certeza, construir o elo entre o estado de jogo e as ações do roteiro. Tenho consciência de que é isso que vai tornar o que está no plano das idéias algo interessante e muito maior que a própria idéia. Mas vou um passo de cada vez !
Digo para “mim mesma” – Ana, não é preciso ter o riso da plateia o tempo todo!
Riso e aprovação parecem ser íntimos, o silêncio é sempre uma incógnita que apavora!
Em tempo, meu amigo Ítalo que estava na plateia, e que é uma referência porque também trabalha com a linguagem do clown, me disse, no final da minha apresentação, que ficava esperando para ver o que ia acontecer. Fiquei feliz com isso! Me agarrei nesse retorno como única chance de respiração, como uma carta de aceitação, como um sinal de que algo existe nisso tudo!

Segundo encontro - eu e alguns amigos

Terça-feira, dia 21 de setembro de 2010

Fiz o roteiro e fui para cena – óbvio!!!!!
Hahahahahahahahah
Preparei tudo e fui...contando com o palhaço que existe dentro de mim!
Grandes amigos me ajudaram Pablito e Malu! Compomos a cena combinamos as entradas de música e tudo mais.
Os amigos convidados não vieram...sofri...Confesso que isso me deu um vazio e o jogo parecia não ter motivos.
Mas os que estavam eram muito TRI!!! Pablito, Malu, uma outra profe da escola (que eu não lembro o nome...ui), Ítalo e mais duas crianças (porque crianças?)
Me preparei para receber o público dormindo, mas começo atrás das cortinas falando enlouquecidamente, contando o público, falando palavrões, praguejando contra a presença das crianças. Deito para fazer a primeira cena que me imagino dormindo, puxando o cobertor pelas pernas, depois para a cabeça e tento traçar uma briga entre pernas e braços pelo cobertor. Tento...Sem comentários – durante a cena fico pensando – que merda!
Mas agora (escrevendo o diário) a Malu diz que gostou de ver eu tapando a bunda com o cobertor. “Achei um amorzinho”!!!! Ufas! Nem sempre a nossa percepção é a de todos! Nossa Ana – te puxou!!!!!
Depois da cama levanto, olho para o público e tento me conectar pelo olhar, mas o público me intimida, melhor eu me intimido com o público. Mas sigo o barco, digo para mim mesma – te diverti Ana – mas o fato de pensar isso já me diz que eu estou fora do jogo. Ai, ai...
Sigo o barco!
Tiro a calça, passo batom. Nada demais até aí. Continuo insistindo em olhar para o público. Pego o jornal, leio noticias e explico para o público – gostei dessa parte! Posso desenvolver mais! Aliás como tudo!
Hahahahah.
Encontro uma foto no jornal com dois homens, escolho um, recorto, coloco bigode, compartilho com a platéia. Escrevo uma carta e coloco com a foto. Busco perfume para colocar na carta, só tenho desodorante.
Santo desodorante!
Passo na carta, nas axilas e no meio das pernas, quando bate na coxa dá aquele geladinho – BINGO! Achei um jogo! Consegui me conectar! Nada como um desodorante geladinho no meio das pernas. Sinto que o público gosta! Ufas! Uso o desodorante sempre que posso! Envio a carta. Recebo o pacote!
Tinha um bilhete PARA TI, olho para o bilhete e então para o público. Risco “para ti” e coloco PARA MIM! Tudo programado, deu certo! Tirei do pacote sem ter onde colocar coloquei no jarro de flores. Coisa nova – olhei para as flores e disse - Ah! Para mim!!!!!
Mas deixei de aproveitar o cartazinho colocando em outras coisas...Tudo bem, na próxima eu aproveito!
Abro o pacote e coloco a fita na cabeça. Adorei brincar coma fita! Ddescubro o pedestal, vou tentar fazer a brincadeira do microfone com a música das Spice – foi horrível! Nem eu acreditei em mim! Sem comentários!
Tenho dificuldade para tirar o pedestal do saco vermelho, mas não consigo aproveitar muito. Peço ajuda da platéia. Um menino me ajuda, canto com ele no microfone. Básico.
Monto o boneco. Ricardo está em pé na minha frente. Realizo toda minha seqüencia, olhares, abraços, coloco o casaco de couro, passo desodorante. Funciona bem. Saio para me preparar para o Strep-tease – não consigo fazer, pois esqueci meu casaco...entro em cena mais perdida que “cusco em procisão”. Quando entro encontro minha fita de cabelo no chão.
Ufas! Santa fita! Vira chicote e depois venda para os olhos do Ricardo (o boneco!). Pego uma flor e coloco na boca (bem selvagem!). Funcionou bem. Continuo minhas sequencias de beijos, abraços e tudo mais. A cabeça não cai como eu tinha programado, tenho que arrancá-la delicadamente, no fim ficou bacana porque vou tirando e olhando lentamente.
Choro deseperada, faço a cena programada do velório. Tudo corre bem. Coisa nova – Faço uma cena de Romeu e Julieta! Adorei. Paro de chorar repentinamente.
Pego o jornal e escolho outro! Comparo com alguns da platéia. Faço uni-duni-tê. Fico sem coragem de escolher alguém. Opto pelo olhar mais convidativo! Coloco ele dentro do saco, procuro a fita lá dentro do saco junto com o convidado! NOVO! BINGO mais uma vez! Funciona! Passo desodorante no convidado! Faço ele pular! Beijo, abraço, amarro ele lá dentro! Dou um laço, olho para a platéia e digo – “o que será?”
A platéia gosta!
Abro o pacote e desmaio de emoção. Peço respiração boca a boca – ganho! Levanto e saio com ele pulando! Obrigado Alexandre !!!!!
Sempre salva pelos amigos!
Resumo da ópera – oscilo entre momentos de entrega total ao jogo e outros de desespero e ansiedade para realizar as cenas. Consigo descobrir coisas novas, mas não tenho certeza existe algo interessante. Tenho certeza de que está tudo muito sujo, muito desesperado, muito ansioso.
Lembro do Ricardo (professor) dizendo - dá o tempo de não fazer nada.
Ainda não consigo!
Mas não ta morto quem peleia – sigo o barco!
Depois conversando com os amigos tento retomar coisas que funcionaram e eles trazem novas idéias!
O barco segue e bem acompanhada!
Obrigada!

sábado, 25 de setembro de 2010

Primeiro encontro



Terça-feira dia 14 de setembro de 2010
Primeiro dia comigo!
Difícil! Mas fui!
Coloquei a roupa de trabalho, carreguei o Ricardo (boneco) comigo. Coloquei um cd e fui me alongar. Estava ansiosa para experimentar coisas com o Ricardo (boneco). O alongamento e o aquecimento não duraram mais de 20 minutos! Preferi começar com aquilo que gosto, o trabalho com elementos plásticos, mexendo articulações, tentando entrar em contato com um trabalho pessoal e sensível– só tentando! Porque 20 minutos...sem comentários!
Me agarrei no boneco. Brinquei. Tentei fazer algumas cenas que propus no roteiro. Horrível! Coloquei música! Leandro e Leonardo – PARE e É O AMOR!!!! Repeti coisas que já havia descoberto. Não tinha muito élan...parecia tudo seco, sem brilho ou vontade. Fiquei repetindo aquelas coisas, descobrindo pequenos movimentos...
Eis que chegou a monitora de teatro – Malu!
Salva pelas amigas. Parece que se abriu um arco-íris! Fomos conversando e eu na boa fui mostrando algumas coisas, o sorriso dela foi o suficiente para me conectar com a Dona Generosa. Descobri coisas novas.
Novas descobertas. Ele beija o peito! Ela gosta e dá um seio e depois o outro...depois sobe no banco e oferece a piriquita...Me deus! De novo, realmente, só isso...
O que ela havia gostado eram as coisas que eu já havia descoberto no curso e tinha retomado naquela tarde. Me dou conta disso só agora seis dias depois do ocorrido,  escrevendo, lembrando!!!!!!!!
Não posso deixar de escrever esse diário nunca!
Preciso de público – sempre!
Preciso ser feliz sozinha – na sala preta!
Preciso lembrar sempre – trabalhar a base, permitir me descontrolar, buscar aquilo que cria o elo com o meu palhaço, a chave que conecta, que desliga o mundo cotidiano e me liga diretamente com a dona Generosa. Não esquecer que a mudança de ritmo pode ajudar, a chave pode estar na “rainha do giro”. (Todas essas indicações foram dadas pelo queridíssimo professor Ricardo Puccetti durante a oficina)
Preciso lembrar!
De nunca parar!
Ui! Frases de feito – adorooooo!
Amanhã vou apresentar tudo o que tenho...ou não tenho! Não sei o que vai dar! Depois eu conto!

A origem - Parte dois

Bom, enfim de volta ao lar e a realidade!
Levei o Ricardo (boneco) para a escola que leciono, decidida a trabalhar sozinha. Queria muito que aquilo rendesse um bom trabalho, mas o que? O que eu tinha para dizer, compartilhar?
Dias passam e nada de eu conseguir me fechar em sala e trabalhar. Mas o encontro com duas amigas mantiveram o PORTAL aberto:
A primeira amiga – Liana
Contado sobre a experiência na oficina lhe disse - “comprei um homem para mim!” Foi então que uma luz se ascendeu em mim! PIM!
Claro ali estava o mote para meu trabalho – a história de uma palhaça que compra um boneco para fugir da solidão. Montei um roteiro. Mas não conseguia entrar em sala para trabalhar. Puta que o pariu! Tudo aconteceu – filho doente, trabalho extra, notas para digitar, concurso público para fazer.
A segunda amiga – Lu Olendski – futura diretora do trabalho – eu espero!
A Lu me ligou para conversar e lhe falei sobre o curso e minha idéia para um novo trabalho. Contei da minha busca sozinha, das minhas tentativas de me fechar em sala e trabalhar. E ela disse - nossa que lindo “autonomia criativa!
PLIM novamente - eu tinha um título para meu diário!
Depois impulsionada pela minha irmã  Cíntia e com uma big ajuda de mais um amigo "Pablito" resolvi utilizar o mundo virtual.
Pensando bem a única coisa sozinha são os trabalhos em sala, porque de resto estou bem acompanhada!

A origem

Meu querido diário...
Hahahaha – não resisti a piada inicial!
Enfim, começo agora a registrar minha busca por autonomia na minha criação artística. Autonomia essa que busco a tempo, escrevendo projetos, textos, dirigindo espetáculos, correndo atrás da máquina. Mas o que busco agora é uma autonomia solitária, fechada numa sala, atrás de tudo o que tenho e tudo o que desejo.
Atrás de mim!
Mas antes de começar a descrever meu primeiro encontro comigo é preciso contar um pouco sobre o PORTAL  que eu passei, ou do que eu também chamo de A ILHA DA FANTASIA!!!!
Há mais ou menos um mês fiz um curso de palhaço com Ricardo Puccetti do LUME. Algo que eu almejava quando recém tinha chegado em Porto Alegre e entrado em contato com o mundo do clown. Mas que parecia bastante distante da minha vida e das minhas escolhas – principalmente as atuais.
Mas por essas coisas cósmicas, apareceu o curso e eu pude fazer.
Lembro de chegar de ônibus em Londrina, depois de 15 horas de viagem (exausta, ando trabalhando demais) e me perguntar o que eu estava fazendo ali e só consegui pensar – tu pediu isso Ana, tu merece!
Lá fui eu!
A semana foi incrível com trabalhos intensos em busca das particularidades de cada um, do engraçado, do ridículo, do humano. O grupo era maravilhoso capaz de “quebrar postes” por onde passava. Aproveitei para aprender tudo o que podia.
Em determinado momento precisávamos de um objeto para o trabalho. O que levar? Minha bolsinha de sempre? As meias? Cheguei a pensar na bolsinha cheia de absorventes...um tanto escatológico...
Em uma conversa num café no final de tarde brinquei com a possibilidade de usar uma mega bolsa chique que estava pendurada em uma loja. O professor sem pestanejar disse: A bolsa não é boa, mas o manequim...
Pronto eu tinha achado o objeto!
Não que eu tenha conseguido o objeto naquele exato momento!!! Precisei bater perna pela cidade. Queria um manequim masculino, de preferência com braços articulados. Mas não encontrei. Devo ter passado por umas 40 lojas. Acabei comprando um busto de costureira com pedestal e uma cabeça de homem que colei com muita fita crepe!
Eis que nasce meu mais novo companheiro de cena! E não é que a enjambração deu mais certo do que o esperado! O boneco gira conforme eu toco. Posso beijar, abraças, dançar...
Na saída de campo para a praça foi um sucesso. É impressionante como o boneco contata com o público. Fiquei com um pouco de ciúmes. Por vezes pareceu jogo baixo.
Um dia tirei para ser  mulher-chiclé, me grudei no professor para conversar sobre o trabalho, minhas idéias e tudo o que estava acontecendo na oficina - queria poder conversar a sós com o “todo poderoso”...
VALEU!
Milhares de sugestões e comentários a respeito do trabalho – colocar rodinhas no boneco e uma coleirinha para puxar! Começar colocando ele próximo de uma loja, fazer algumas intervenções e de repente se apaixonar por aquele ser.
Comentei com  o professor sobre minha impressão do jogo baixo - ele concordou! Ui!!! Mas sugeriu: de vez enquando entrega o boneco para alguém segurar, faz algo e volta!
MARA!
Bom, quando acabou a oficina chorei como uma PORCA! Era muito mais que o fim de um trabalho, era o retorno para um mundo real, era o fim daquela ILHA DA FANTASIA.
Voltei para POA, literalmente embriagada! Agarrada no boneco e decidida -  eu transformaria aquela experiência num PORTAL, no início de um novo tempo para mim. Eu daria um jeito de trabalhar sozinha todas aquelas coisas que havia passado pela oficina.

Somente eu e o boneco, carinhosamente batizado de:
Ricardo!

Esses são os únicos registros que tenho da oficina. carinhosamente cedidos pelo colega André.

Assim que tiver alguma imagem do meu mais novo companheiro de cena, colocarei aqui!