Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Aprendendo, crescendo, amadurecendo ou o que aprendi em Goias Velho!

Não lembro da minha última publicação...
Mas para colocar (o possível) leitor a parte dos acontecimentos, é o seguinte: voltei para a sala de trabalho para iniciar um novo número, saí da sala de trabalho (kkkkk, só porque milhares de coisas começaram a acontecer) e fui para Goias e Mariana em dois festivais!

GOIÁS VELHO - terra de Cora Coralina! Quente, ensolarada, linda! Devem ter uns 50 carros (se muito!) na cidade e milhares de pássaros! Tem um sorvete de figo imperdível! Tem uma arquitetura deslumbrante! tem um povo mágico!
Mas enfim, é do trabalho que preciso falar!
A oficina foi maravilhosa, três grupos, três desafios, três lindos encontros com as pessoas e com meu trabalho! Trabalhar com palhaço na minha escola, em que já se constituiu uma cultura de palhaçaria no contexto escolar é uma coisa... trabalhar com adolescentes que nem imaginam o que vão experimentar é outra! O grande barato foi o desafio! Como envolver? Como possibilitar num curto espaço de tempo uma vivência intensa o suficiente para que o que foi experimentado e visto seja significativo e toque um pouco a alma de cada um? Para mim a oficina, as aulas tem um objetivo comum ao espetáculo: compartilhar, tocar o outro, envolver as pessoas numa atmosfera de jogo e afeto! Tá foram 3 ou 4 objetivos!!!!!
O espetáculo...uau! Esse foi MUITO LOUCO!
Com certeza se estabeleceu uma ligação muito forte entre o trabalho e a plateia. O sentimento era de união! Como se só aquele espaço e aquele momento existisse! Experimentei o sentimento de inteireza! O jogo foi forte e fluido e a plateia respondia a tudo. Consegui perceber e descobrir muitas nuances novas nas ações como por exemplo quando começo o strep tease e a galera grita, ao invés de apostar mais na sensualidade, aproveitei para quebrar essa lógica e ficar surpresa, feliz com a descoberta dessa possibilidade! Ui, acho que não fui clara! Abri um botão, dois e o público gritou, assoviou... eu parei olhei e me desmontei, apertei as mãos de felicidade porque a palhaça tinha se descoberto sensual!
Agora lembrei do Pepe dizendo: "o público deve achar que tudo foi criado naquele instante, em função do que está acontecendo no momento" (mais ou menos isso)
Lembrei do Avner: "ser mais sutil, mais recatada", "triangular quando o público rir, bater palma ou resolver a situação"
Mil vivas para os mestres!

Mas nem tudo são flores!!!
Teve um momento que o espetáculo se perdeu! Mas a ação se perdeu, o foco da plateia com a cena se perdeu, mas incrivelmente a conexão entre nós, parece ter se mantido apesar do "buraco" nas ações de cena. No momento da festa de camisinhas, em que muitas camisinhas cheias são soltas pela plateia como balões, o público se dispersou, ficou mais tempo se divertindo com o jogar balões uns para os outros e eu não consegui puxar o foco, a atenção para o retorno da cena.
Simplesmente continuei com o roteiro de ações, mesmo sabendo da queda no fluxo da cena, mesmo tendo consciência do momento disperso que tinha se criado... Mas não me incomodei com isso! Segui o trabalho! E aos poucos o público novamente estava comigo!
Depois fiquei pensando sobre o que tinha acontecido, o público se divertiu com o momento, mas eu fiquei um pouco frustrada ao ver poucos balões (porque poucos encheram as camisinhas e porque nós não providenciamos muitas cheias para jogar), me pareceu sem graça, sem efeito! Porque na hora eu me vi cansada, sem energia ou com vontade para outros esforços! Louco isso, eu nunca me percebi exausta para tentar resolver um problema de cena, mas naquele dia aconteceu duas vezes! Por dois momentos meu pensamento foi maior que minha ação, ou melhor, não estava em sintonia, no presente, no aqui e a agora, por dois pequenos momentos eu consegui me ver de fora e fazer uma brave análise! Bom, uma análise instantânea. Tenho claro que esses dois momentos poderiam ter colocado abaixo o espetáculo... mas acho que sei porque não colocaram, porque não me importei com o sentimento ou com a análise que dizia que algo estava dando errado, ou de que estava exausta! Meu sentimento, minhas sensações eram tranquilas em relação ao que estava acontecendo, quase que como uma permissão, um aceitar, lembro de pensar "deu merda, mas tudo bem, segue em frente"!
Acredito que esse sentimento, me permitiu manter investindo na qualidade do material que existia e não focar no desespero do erro ou na frustração por não ter feito aquilo que eu já fiz dar certo! Ok, aconteceu!
Uma coisa ficou clara: deu errado, ok, sem problemas! O importante é manter-se sempre em frente calcado no que dá certo e não no erro! Ok respirar! VIVA O AVNER NOVAMENTE!
Todos esses sentimentos e pensamentos  e todas essas reflexões posteriores se referem a 8 ou 10 minutos de espetáculo! São importantes na medida que me permitem reconhecer erros e soluções! É como se eu tivesse entrado num outro estágio, numa outra compreensão da obra e suas possibilidades! Com mais segurança, domínio e entendimento do que acontece em cena. Analisando de fora poderia ter simplesmente ficado sentada, deixando o público se divertir e depois, somente depois retomar o trabalho! Poderia ter combinado com o iluminador, para que nesses momentos a luz baixe para dar foco ao palco... De fora, de fora tudo é mais claro! Dentro da ação as coisas vão clareando conforme os acontecimentos e a nossa capacidade de agir e compreender os acontecimentos na sua totalidade rapidamente no momento do jogo, utilizando nossas estruturas, nossa segunda natureza!
Já tenho novas alternativas! Como a experiência da estréia em 2010 em que a cabeça do boneco caiu antes mesmo dele entrar em cena!
TRANQUILIDADE e SEGURANÇA, nem tudo está perdido quando as coisas não acontecem como a gente prevê ou quer! Mas elas sempre se resolvem quando se está preparado para isso! E eu estava! Me ver preparada me faz pensar na maturidade do trabalho!
Bom...vou deixar o relato de Mariana para depois...esse já foi bem extenso!
Beijos

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