Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

AVNER a revolução




Acabo de voltar de duas semanas intensas: curso do Avner e participação no 11º Sescfestclown.
O curso foi uma revolução!
Uma imersão na arte da palhaçaria e da humanidade!
Reaprendi a respirar!
A minha percepção é de que o AVNER tem uma consciência e uma compreensão do palhaço muito distinta da que eu conhecia até o momento, daquela que aprendi. Distinta e por vezes distante!
Não sei muito bem por onde começar o relato, então vou pontuar algumas coisas que ficaram:

1. "Essa triangulação é uma imbecilidade". Segundo ele compartilhamos com o público por três motivos: a gargalhada (então o palhaço olha e pensa consigo e com a plateia "eu sei"), quando o palhaço resolve o problema (então compartilha o sentimento de vitória, antes de descobrir o próximo problema) e quando é aplaudido (que se compartilha o sentimento de agradecimento).
Breve comentário: até então eu triangulava toda vez que eu descobria o problema.
Para ele quando se descobre o problema o palhaço deve focar na dificuldade (e pensar "interessante" e não olhar em volta ou para o público, porque pode parecer que se está pedindo o riso neste momento. Detalhe esse interessante é um sentimento de curiosidade, de desafio, não de fúria!

2. Respiração. Precisamos respirar e levar o público a respirar conosco!

3. O público precisa se sentir seguro com o palhaço, para isso é preciso ter cuidado com suas ações e objetos de cena, assim o público pensa "se ele trata assim seus objetos, também vai me tratar com cuidado!"
Ao respirar e principalmente expirar quando se vê de fato o público constrói a sensação de confiança e tranquilidade. O público percebe que é por causa dele, por causa da relação que se estabelece que o palhaço está feliz, o que provoca o riso e a felicidade na plateia também. Cumplicidade!

4. O palhaço não é estúpido, somente faz escolhas ingênuas e não óbvias.

5. Cuidar com ações repetitivas demais ou explicativas das ações.

6. movimento, história (imaginação), respiração. Qualquer um que se altera modifica o outro automaticamente.

Informo que tudo o que escrevi aqui é o que APRENDI não necessariamente o que ele tentou ENSINAR!!!! Não posso culpar o Avner pelos meus equívocos ou distorções!!! kkkkk
Foi incrível!!!! Ele é um lord, um cavalheiro! É delicioso ouvi-lo falar, explicar...

Então agora se iniciou o momento furacão: rever o meu trabalho sob essa perspectiva!
O que eu tenho de estupidez desnecessária?
O que é explicativo e precisa de outro tom?
Onde respirar? Em que momentos inspirar e expirar? Qual a dinâmica e tempo dessa respiração?
como trazer a plateia para o jogo e para a respiração e principalmente rever a triangulação.

Conscientemente, no plano do pensamento, já vislumbro novas possibilidades de transformação da cena, algumas já consegui colocar em prática, entretanto, muitas coisas que compreendo que devem ser modificadas, ainda não consegui alterar, porque no plano da ação material algumas ações, gestos, intensões e tempos estão tão cristalizados que levam tempo para serem tocadas e mobilizadas.

Fiz minha cena no Cabaré - chegada do boneco, volare, queda da cabeça. Avner elogio a movimentação poética com o boneco, mas alertou para os excessos como quando eu subo no pedestal e parece que estou "coxiando o pau do boneco" e quando eu beijo o boneco e acabo logo lambendo o nariz. Segundo o AVNER o recato é mais interessante!

Fico pensando que ele deve ter ficado espantado comigo, quando um dia anterior num exercício em que devíamos usar algo grudento eu optei por um absorvente que eu tiro de dentro das calcinhas...




Fotos Laiza Vasconcelos


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