Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

sábado, 25 de setembro de 2010

A origem

Meu querido diário...
Hahahaha – não resisti a piada inicial!
Enfim, começo agora a registrar minha busca por autonomia na minha criação artística. Autonomia essa que busco a tempo, escrevendo projetos, textos, dirigindo espetáculos, correndo atrás da máquina. Mas o que busco agora é uma autonomia solitária, fechada numa sala, atrás de tudo o que tenho e tudo o que desejo.
Atrás de mim!
Mas antes de começar a descrever meu primeiro encontro comigo é preciso contar um pouco sobre o PORTAL  que eu passei, ou do que eu também chamo de A ILHA DA FANTASIA!!!!
Há mais ou menos um mês fiz um curso de palhaço com Ricardo Puccetti do LUME. Algo que eu almejava quando recém tinha chegado em Porto Alegre e entrado em contato com o mundo do clown. Mas que parecia bastante distante da minha vida e das minhas escolhas – principalmente as atuais.
Mas por essas coisas cósmicas, apareceu o curso e eu pude fazer.
Lembro de chegar de ônibus em Londrina, depois de 15 horas de viagem (exausta, ando trabalhando demais) e me perguntar o que eu estava fazendo ali e só consegui pensar – tu pediu isso Ana, tu merece!
Lá fui eu!
A semana foi incrível com trabalhos intensos em busca das particularidades de cada um, do engraçado, do ridículo, do humano. O grupo era maravilhoso capaz de “quebrar postes” por onde passava. Aproveitei para aprender tudo o que podia.
Em determinado momento precisávamos de um objeto para o trabalho. O que levar? Minha bolsinha de sempre? As meias? Cheguei a pensar na bolsinha cheia de absorventes...um tanto escatológico...
Em uma conversa num café no final de tarde brinquei com a possibilidade de usar uma mega bolsa chique que estava pendurada em uma loja. O professor sem pestanejar disse: A bolsa não é boa, mas o manequim...
Pronto eu tinha achado o objeto!
Não que eu tenha conseguido o objeto naquele exato momento!!! Precisei bater perna pela cidade. Queria um manequim masculino, de preferência com braços articulados. Mas não encontrei. Devo ter passado por umas 40 lojas. Acabei comprando um busto de costureira com pedestal e uma cabeça de homem que colei com muita fita crepe!
Eis que nasce meu mais novo companheiro de cena! E não é que a enjambração deu mais certo do que o esperado! O boneco gira conforme eu toco. Posso beijar, abraças, dançar...
Na saída de campo para a praça foi um sucesso. É impressionante como o boneco contata com o público. Fiquei com um pouco de ciúmes. Por vezes pareceu jogo baixo.
Um dia tirei para ser  mulher-chiclé, me grudei no professor para conversar sobre o trabalho, minhas idéias e tudo o que estava acontecendo na oficina - queria poder conversar a sós com o “todo poderoso”...
VALEU!
Milhares de sugestões e comentários a respeito do trabalho – colocar rodinhas no boneco e uma coleirinha para puxar! Começar colocando ele próximo de uma loja, fazer algumas intervenções e de repente se apaixonar por aquele ser.
Comentei com  o professor sobre minha impressão do jogo baixo - ele concordou! Ui!!! Mas sugeriu: de vez enquando entrega o boneco para alguém segurar, faz algo e volta!
MARA!
Bom, quando acabou a oficina chorei como uma PORCA! Era muito mais que o fim de um trabalho, era o retorno para um mundo real, era o fim daquela ILHA DA FANTASIA.
Voltei para POA, literalmente embriagada! Agarrada no boneco e decidida -  eu transformaria aquela experiência num PORTAL, no início de um novo tempo para mim. Eu daria um jeito de trabalhar sozinha todas aquelas coisas que havia passado pela oficina.

Somente eu e o boneco, carinhosamente batizado de:
Ricardo!

Esses são os únicos registros que tenho da oficina. carinhosamente cedidos pelo colega André.

Assim que tiver alguma imagem do meu mais novo companheiro de cena, colocarei aqui!

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