Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Chorando no cantinho

Hoje tive vontade de chorar, quietinha num cantinho.
Desde meu último trabalho ("primeiro experimento inteiro"), sexta-feira passada, não entrei mais em sala para ensaiar. Vários foram os motivos para eu não ter trabalhado neste espaço de tempo, mas que não justificam não ter tentado. Pura irresponsabilidade.
Resultado: corpo, mente e jogo fora de forma.
No alongamento já senti os sinais de uma semana parada. Não consegui fazer o básico que eu já fazia tranquilamente.
Tentei aquecer e, a essa altura, a sala já tava repleta de aluninhos querendo ver a performance da profe...
Comecei o trabalho, fiz de tudo, menos o roteiro que eu já tinha estabelecido.
Meu sentimento oscilava, entre a satisfação de estar jogando com coisas novas e o desespero de não estar conseguindo retomar o trabalho já construído. E, nesse espaço, entre um sentimento e outro eu conseguia me ver e olhar para a platéia com aquela carinha de -"Vai! Faz aquilo que tu fez outro dia para nós!"
Arranquei pequenos sorrisos, sinceros, mas que eu sentia que esperavam mais. Eu esperava mais! Onde estava aquele sentimento de totalidade de "inteireza" dentro da cena?
Agora lembrei de um texto que li do Ricardo Puccetti que falava sobre ir ao extremos senão o público não acredita. Vou procurar e coloco aqui depois!
Descobri coisas legais, conseguia jogar com os acontecimentos da sala, mas não conseguia lincar com o trabalho que já tinha e quando conseguia, perdia o tempo, ficava arrastado demais. Consegui arrumar problemas com todos os objetos de cena que eu usei, mas não consegui aproveitar muito, eu me aborrecia com isso. Tudo parecia meio empacado.
O estado de jogo tava baixo, muito baixo, fora do tempo como se eu não tivesse energia para me concentrar, para brincar...pior eu brincava sim, me auto-analizando! Péssimo!
Eu sei que é preciso se abrir e aproveitar o que acontece fora, para trazer esses elementos para o meu mundo - lembrei de outro texto do Puccetti, depois coloco aqui.
Mas tudo o que eu conseguia era me incomodar com o que acontecia fora. Agora vejo que, talvez eu estivesse muito ansiosa para repetir a experiência anterior ou, eu tava esperando que tudo saísse tal qual minha imaginação previa, ou pior, eu não consegui criar naquele momento o mundo da minha palhaça. Enfim... foi difícil!

Até o momento já compreendi que meu trabalho depende do público para alcançar o estado de jogo, mas hoje ficou claro que a presença do público não garante o estado de jogo! Ai, que perigo!

Por sorte, meu público é fiel e amoroso e não me abandonou, ficou ali esperando eu retomar e quem sabe acertar o compasso. Analisando agora o problema era algo que envolvia estado de jogo e tempo de cena. lembro do Ricardo Puccetti falar sobre isso na oficina, "as vezes é uma questão de segundos que a gente passa do tempo".
Retomei, comecei a pegar o "pique" (pensei, bah consegui!) e o boneco se desmontou sozinho na coxia, a cabeça caiu, simplesmente caiu!. Eu não podia acreditar!
Brinquei um pouco com a situação, mas eu queria poder retomar o espetáculo... Afinal daqui a 4 dias eu estréio!
AI QUE MEDO!!!

Resumo da Ópera, recomecei umas três vezes, no final, consegui repassar a proposta do roteiro, com MUITAS alterações (é claro!), mas sem aquele sentimento de que é possivel fazer com tranquilidade e alegria.
AI QUE MEDO! Um balde de insegurança caiu na minha cabeça!
Mais tarde sigo contando minha saga!
Beijos aos que me acompanham!

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