Este blog é uma espécie de "diário de bordo", uma forma de registrar e compartilhar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo na busca da minha palhaça.


Espero que os leitores curtam cada depoimento, pois é sempre um relato sincero do que acontece, do que penso e sinto durante todo esse processo de "encontro comigo mesma"!!!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

NASCEU!

Enfim, nasceu o pequenino!
A estréia foi nessa terça-feira dia 09 de novembro...
Bom, o que dizer:

Primeiro - a única coisa que não poderia acontecer, aconteceu e eu não estava preparada.
Me virei, mas me abalei!
Segundo - foi tudo direitinho, mas podia muito mais. Eu queria muito mais!

Mas como dizem minhas amigas - sou muito crítica com meu trabalho - "é só ler teu blog Ana"!
Então vou fazer duas análises, a primeira versão SUPER SINCERA e a segunda uma versão POLIANA!
Antes de tudo, cabe um pequeno relato. O espetáculo trata da história de uma palhaça que compra um companheiro por catálogo. Quando o companheiro (um boneco de 1,80 m) chega ela faz milhares de coisas com ele até que, arranca, aos beijos, a cabeça dele. Com isso vem tentativas de reanimação, um velório e por fim a escolha de outro companheiro no público - para fazer tudo novamente e se possível, um pouco mais!!!
Bom, o que aconteceu (e que não poderia acontecer)  é que a cabeça do boneco caiu na primeira cena e, tive que me virar para sustentar a maior parte dos números com uma cabeça bamba.
Deu para ajeitar um pouquinho, mas confesso que fiquei muito frustrada com o resultado.
Então, vamos ás análises!

Análise SUPER SINCERA
Fui cedo para o teatro depois de uma banho de chuva...
Tudo bem, estava animada apesar do medo.
Ajeitamos tudo (eu e Pablito) e consegui fazer dois ensaios para marcar luz e som.
Antes de iniciar resolvi rever a cabeça para que tudo ficasse certo - algo me dizia que ela poderia me surpreender. Recolei com fita. Tudo ok!
Fui para cena.
O público era contido, mas composto por amigos MUITO, MUITO queridos.
Durante o jogo lembrei da minha amiga Cacá dizendo, sobre o texto do Peter Broock de não ser refém do riso!!!! Lembrei do Ricardo dizendo " não fica insistindo naquele olhar mais fechado! Não precisamos ter a gargalhada o tempo todo!". Isso tudo passou em questão de segundos na minha cabeça! Loucura!
Confesso que prefiro o riso frouxo ao sorriso! Gosto da gargalhada, ela me deixa segura. Mas eu estava curtindo, gostando de estar lá, então não me preocupei.
Eis que meu excelentíssimo colega de cena me deixa na mão! A cabeça cai no ínício do espetáculo e não no final como o previsto, o que fez com que eu tivesse que fazer a maior parte dos números de forma tímida.
SIM, SIM, SIM - eu sei que eu devo aproveitar tudo! Que o imprevisto pode se tornar o grande jogo do momento...mas eu queria tanto poder realizar aquelas ações que eu havia preparado...
To me sentindo uma "menininha mimada" relatando isso!!!! eu quero, eu quero, eu quero!!!!
Mas foi o que senti, e me propus a ser sincera neste blog e, neste momento, SUPER SINCERA.
Eu consegui jogar mas não era aquele estado extremamente forte, alterado, prazeroso, no qual tudo vale!
Também não tenho certeza sobre a impressão da platéia - lembrei novamente do Ricardo Puccetti dizendo que a gente precisa educar nosso olhar e nossa percepção, para entender a platéia e como ela reage diante do nosso trabalho. Não é fácil!
Resumo da ópera - tenho estrutura, falta jogo!

Análise POLIANA
Tudo é aprendizado!
Como acabou de dizer meu amigo Rafael - "tu deve ter aprendido muito"
Bah! Respondi!
Aprendi mesmo! Agora tenho no mínimo três formas de resolver a possível repetição desse problema. Formas que espero não sejam necessárias, mas que, se forem precisas, pretendo utilizá-las de maneira divertida.
Sim, acabo de aceitar o fato que posso me divertir e sair completamente do previsto! Isso faz parte e é extremamente necessário (é o básico!). Viva a estrutura que eu consegui criar, mas VIVA tudo o que eu posso fazer com ela e além dela!!! Vou apostar no jogo!
Continuo aproveitando pouco as situações mas estou mais tranquila! Fiquei tranquila até quando não me senti inteira dentro do jogo!
Consegui mesmo na frustração manter o roteiro que tinha proposto.
No´final a platéia toda veio me cumprimentar - isso deve ser um bom sinal!
E eram 35 no total!!!! Isso é uma façanha para uma noite de chuva de terça-feira em Porto Alegre. Tá certo que a platéia, na maior parte, era composta por amiguinhos, mas tinham umas 15 pessoas que eu nunca vi na vida e vieram com muito sorrisos e abraços! Bom!!! Poderiam ter simplemente ido embora, quietinhos!
Meus queridos amigos deram ótimos retornos, mas principalmente ótimos abraços! Eu estava com saudades deles e não os via há muito tempo.
Os olhinhos do meu filho brilhavam! Adorei!
Mas o que mais curti na verdade foi o final!!!! Não pelo fato de ser o fim, mas porque após a morte do meu companheiro de cena, arrumei fácil outro na platéia e foi muito divertido - acabei na cama (não com Madona) com o público! Com direito a medir parte do corpo e  fazer e ganhar massagem. Sim, eu tenho consciência que poderia ter explorado mais, mas não fiquei frustrada com isso, sei que é uma caminhada! Olha que POLIANA isso!

Entre mortos e feridos - sobrevivi! Depois dessa análise, talvez melhor do que imaginei.
Estou feliz com a experiência!
Estou esperando a próxima oportunidade para apresentar  novamente o trabalho!
Quero sim poder refazer muitas vezes, me redescobrir e construir o espaço certo para me colocar e me sentir inteira!
Beijos

Um comentário:

  1. Oi, Ana! Em primeiro lugar, parabéns pelo espetáculo. Vou convidar o bofe para ir comigo na próxima terça. Só não vale pegar ele do público. Não por ciúme meu, mas porque ele é tííííímido. É o baixista da minha banda. Tu sabe que quem escolhe tocar baixo é porque não quer aparecer, né? É como dizia o baixista do Queen, "eu sou só o baixista".

    Em segundo lugar, A-DO-REI a frase "tudo o que não podia acontecer aconteceu, e eu não estava preparada". Parece verso de poema modernista. Vou plagiar na maior cara de pau qualquer dia desses em algum escrito meu, hahahahah! É uma boa frase para começar um conto ou um romance. Enfim, adorei!

    Em terceiro lugar, isso da cabeça rolar em cena antes da hora e fazer a tua atuação se conter é bem metafórico. Tem coisas que acontecem antes da hora e a gente não está preparada e nos obriga a contermos nossas atuações: amores, oportunidades profissionais, filhos, mortes, demissões, rupturas, às vezes até o sucesso... Tudo dá medo quando chega na hora certa, imagina quando chega antes do previsto! No caso da peça, entendo tanto o teu descontentamento, que não julgo infantil a tua reação. Dentro do teu roteiro, o rolar prematuro da cabeça apressaria certas coisas ou até destituiria outras de sentido. Mas essa é uma boa oportunidade de refletir sobre isso na vida. A gente se contém diante dos imprevistos porque quer garantir que tudo saia como planejamos, mas quem disse que se a gente aceitar a perda do controle, as coisas não sairão melhor do que planejávamos?

    Beijos!

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